Título: Direção atribui explosão de despesas a greve de servidor
Autor: Scinocca, Ana Paula; Moraes, Marcelo de
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/02/2008, Nacional, p. A4

Alegação é de que durante a paralisação almoxarifado ficou fechado e toda compra passou a ser de emergência

A Universidade de Brasília (UnB) alegou que a explosão de gastos com o cartão corporativo em supermercados e estabelecimentos do gênero no ano passado foi conseqüência de quatro meses de greve. Segundo o secretário-executivo de Comunicação da universidade, André Augusto de Castro, durante a paralisação dos servidores o almoxarifado ficou fechado.

¿Nesse período, todo tipo de compra se tornou emergencial, inclusive itens normalmente licitados, como materiais de escritório e papelaria. Por isso, assim como as demais despesas, essas com supermercados, quitandas e demais aumentaram¿, alegou Castro.

De acordo com dados levantados pela reportagem no Portal da Transparência, as despesas da UnB como esse tipo de estabelecimento saltaram de pouco mais de R$ 6.000,00 em 2006 para R$ 69.721,99 no ano passado. No levantamento, foram detectados gastos em lojas como a Comercial de Alimentos Tigrão, especialista em venda de carnes e artigos para churrasco, Oba (varejão) e as maiores redes de supermercados do País.

Em nome de Maria Clotilde Henriques Tavares, pesquisadora e coordenadora do Centro de Primatologia e do Laboratório de Neurociência e Comportamento, foram encontradas várias compras dessa natureza por meio do cartão corporativo. No total, em 2007, ela gastou R$ 13.153,85.

DIETA DE MACACO

A UnB justificou o gasto alegando que nos trabalhos de pesquisa do centro são usados cerca de cem macacos de quatro espécies. ¿Os gastos feitos no cartão corporativo são exclusivamente de alimentos e materiais destinados aos animais e à manutenção do Centro de Primatologia, que conta com recursos específicos de suprimentos de fundos.¿

Explicou ainda que as demandas são muito específicas, semanais e em baixa quantidade e o valor mensal não ultrapassa R$ 1,1 mil, condizente com as condições especiais requisitadas pelos animais de pesquisa. A universidade assegurou ainda que a auditoria interna não encontrou irregularidades no uso desse cartão corporativo.

Já em relação às despesas feitas pelo servidor Augusto P.S. Neto - que, segundo o Portal da Transparência, teve gastos em pizzarias, restaurantes de luxo e até em whiskeria -, a UnB apenas afirmou que ele foi desligado de seus quadros há dois anos, ¿período anterior à auditoria interna sobre o uso dos cartões corporativos, que envolveu o ano de 2007¿.

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