Título: Brasil participará de cúpula sobre Mercosul e Golfo
Autor: Gawendo, Michel
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/02/2008, Iternacional, p. A14

Amorim anuncia também que Lula pode fazer primeira visita a Israel

O Brasil participará neste ano de novo encontro de cúpula com países do Oriente Médio para avançar nas negociações entre o Mercosul e o Golfo Pérsico. O anúncio foi feito ontem pelo ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, em Tel-Aviv. Ele afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve participar do evento e pode, pela primeira vez, incluir Israel no itinerário.

Segundo Amorim, o encontro será realizado no Catar, mas ainda não há data marcada. ¿Será a continuidade da cúpula Sul-Sul realizada em Brasília em 2005¿, disse o ministro, que esteve também na Arábia Saudita, na Síria, na Jordânia e nos territórios palestinos. Os detalhes da reunião serão debatidos por ministros do Exterior da América do Sul e de países árabes nos dias 20 e 21 de fevereiro, em Buenos Aires.

Em dezembro, o bloco assinou uma parceria de livre comércio com o Mercosul. O acordo atenuou o ¿desconforto diplomático¿ entre Brasil e Israel depois da cúpula com países árabes em Brasília. Fontes da diplomacia israelense informaram ao Estado que gostariam de ver uma visita exclusiva de Lula a Israel, e não como parte de outros compromissos.

Em sua viagem anterior a Israel, em 2005, Amorim já havia acenado com uma possível visita de Lula, mas desta vez disse haver uma ¿firme intenção¿ do presidente de viajar ao país.

O chanceler disse que há um ¿otimismo moderado¿ em relação às negociações entre israelenses e palestinos. ¿É preciso aproveitar a janela de oportunidade e de necessidade para a paz¿, afirmou o ministro. ¿Na minha visão, os principais envolvidos estão interessados em avançar. Não vejo atividades de obstrução nem desvio das questões principais.¿

Amorim disse esperar que o Estado palestino seja criado em 2008, conforme a visão do presidente dos EUA, George W. Bush. ¿Acho que ele (Bush) está bem intencionado e seria uma lástima perder esta oportunidade, perder o engajamento do presidente americano e da comunidade internacional.¿

Durante a visita, o chanceler reuniu-se com os principais líderes da região. Em Ramallah, encontrou-se com o negociador palestino Saeb Erekat e afirmou que os 10 milhões de dólares que o Brasil doou para a Autoridade Palestina já estão disponíveis para projetos de educação e saúde.

Ontem, em Tel-Aviv, ele se reuniu com a ministra do Exterior israelense, Tzipi Livni, e com o premiê Ehud Olmert. No encontro, Olmert ressaltou a preocupação de Israel com o programa nuclear do Irã e tratou da necessidade de sanções econômicas para evitar que o país obtenha armas atômicas. ¿Neste ponto, a posição brasileira é a de seguir as determinações do Conselho de Segurança da ONU¿, afirmou o brasileiro.

Amorim disse ainda que existe uma disposição por parte de Israel e da Síria em conversar. Os dois países vizinhos estão tecnicamente em guerra e a diplomacia brasileira acredita que pode atuar como um facilitador para a aproximação de inimigos no Oriente Médio.

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