Título: PF investiga roubo de informações sobre descobertas da Petrobrás
Autor: Pamplona, Nicola
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/02/2008, Economia, p. B1

Dados estavam em notebooks e discos rígidos levados de um contêiner da Halliburton, contratada da estatal

A Polícia Federal (PF) investiga o furto de quatro computadores portáteis (notebooks) e dois discos rígidos com informações sigilosas da Petrobrás. A estatal não divulgou detalhes sobre o conteúdo dos arquivos, mas há indicações de que contenham dados estratégicos sobre as reservas gigantes de petróleo descobertas na Bacia de Santos.

Os equipamentos pertenciam à Halliburton, companhia americana prestadora de serviços para o setor de petróleo, e desapareceram de um contêiner entre Santos (SP) e Macaé (região norte-fluminense). De Santos ao Rio de Janeiro o transporte foi por navio, e do Rio a Macaé o contêiner seguiu de caminhão, pela transportadora rodoviária Transmagno, que tem sede em Macaé. Ontem, um representante da área comercial disse que a transportadora presta serviços à Petrobrás. Ele não tinha informações sobre esse contrato específico.

Não se sabe ainda em que momento do transporte ocorreu o furto. A delegada Carla Dolinski, responsável pelo caso, disse que a Petrobrás alegou interesse nacional e, por isso, pediu a investigação da PF. Roubos de carga ficam sob a jurisdição da Polícia Civil.

A representação da Halliburton no Brasil não quis comentar o incidente. Também não foi explicado por que os laptops estavam sendo transportados em um contêiner. A Halliburton foi contratada em agosto do ano passado para realizar serviços de teste de reservatórios descobertos no Brasil. O contrato, de US$ 270 milhões, inclui pesquisa em reservatórios de alta pressão e alta temperatura, condições semelhantes às encontradas nas reservas gigantes descobertas abaixo da camada de sal, que podem elevar o Brasil à condição de grande exportador de petróleo.

Com isso, a Halliburton ganha acesso a dados confidencias, sob o compromisso de não divulgá-los. A Petrobrás informou que tem cópias integrais de todas as informações furtadas, mas, segundo especialistas, os dados poderiam ser usados por concorrentes na avaliação de outras jazidas do País.

A estatal não quis entrar em detalhes sobre o incidente, limitando-se a dizer que os equipamentos contêm ¿informações importantes para a companhia¿. O conteúdo não foi informado nem à polícia. ¿Só nos disseram que havia informações estratégicas sobre suas operações¿, contou a delegada, que já pediu mais detalhes à Petrobrás.

O contêiner com os equipamentos saiu de Santos em 18 de janeiro e chegou a Macaé 12 dias depois. Ficou no Porto do Rio durante uma semana. Em 31 de janeiro, quando funcionários da Halliburton foram abrir o contêiner, perceberam que o lacre havia sido violado.

Segundo as investigações, os ladrões chegaram a trocar o cadeado arrombado por um novo, para evitar suspeitas durante a viagem. O inquérito policial foi aberto em 7 de fevereiro. A delegada Carla Dolinski disse que começa a ouvir testemunhas na semana que vem.

Além da hipótese de furto com o objetivo de obter informações estratégicas ou espionagem industrial, a polícia não descarta a possibilidade de furto comum, sem que os ladrões tivessem idéia do que estavam roubando. ¿Roubo de contêineres é um crime muito comum¿, comentou a delegada. Ela ainda não sabe se havia outros equipamentos no contêiner e se foram roubados também, questão-chave para definir os rumos das investigações.

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