Título: Petrobrás diz à Bolívia que não reduz importação
Autor: Pamplona, Nicola
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/02/2008, Economia, p. B4

Comitiva do governo boliviano pediu à estatal que diminua a demanda de gás natural previsto no contrato para que possa atender a Argentina

A Petrobrás não vê espaço para a redução nas importações de gás boliviano, pleito de uma comitiva do governo da Bolívia que esteve no País nos últimos dois dias. A delegação, liderada pelo vice-presidente Álvaro Garcia-Linera e pelo ministro dos Hidrocarbonetos, Carlos Villegas, esteve ontem na sede da estatal, para reforçar o pedido feito anteontem ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

La Paz quer transferir para a Argentina parte do gás enviado ao Brasil.

¿A Petrobrás informou ao vice-presidente da Bolívia a impossibilidade de reduzir a demanda do volume máximo de 30 milhões de metros cúbicos por dia de gás natural previsto no contrato de compra firmado com a estatal boliviana¿, informou a companhia, em nota oficial distribuída na noite de ontem.

Em entrevista concedida na quarta-feira, Garcia-Linera disse que gostaria de manter a entrega de volumes médios históricos, entre 27 e 29 milhões de metros cúbicos por dia, face a restrições na capacidade produtora do País.

Desde o final do ano passado, porém, o Brasil vem consumindo a totalidade do contrato, uma vez que a demanda por geração de energia termelétrica vem se tornando cada vez mais intensa.

No inverno de 2007, o Brasil cedeu aos apelos de bolivianos e argentinos e liberou volumes de gás para a Argentina, que passava por um rigoroso inverno e não tinha combustível suficiente nem para o aquecimento de residências nem para indústrias.

Segundo a Petrobrás, a reunião de ontem ¿representou um avanço nas negociações entre a Petrobrás e o governo boliviano em temas de interesse comum¿.

Em dezembro, a estatal brasileira se comprometeu a retomar os investimentos no país vizinho, analisando projetos de até US$ 1 bilhão. Entre eles, está a expansão dos campos de San Alberto e San Antonio, os maiores produtores de gás do país, e a retomada das atividades exploratórias no campo de Ingre.

Os acordos foram assinados em La Paz, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

RODOVIA

A comitiva boliviana esteve também na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), onde apresentou o projeto rodoviário Hacia el Norte, com investimentos totais de US$ 431 milhões.

Os bolivianos pediram financiamento ao banco, alegando que as duas rodovias do projeto permitiriam o transporte de produtos brasileiros ao Oceano Pacífico, via portos no Chile e no Peru.

O BNDES só poderá financiar a obra se a licitação for vencida por empresa brasileira, já que o trecho fica totalmente dentro da Bolívia. São 847 km de estradas que melhoram o acesso à região Norte do país vizinho, próxima a Acre e Rondônia.

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