Título: Bernanke vê economia 'fraca' no 1º semestre
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Fonte: O Estado de São Paulo, 15/02/2008, Economia, p. B5

Presidente do Fed descarta recessão e indica que autoridade monetária voltará a cortar a taxa de juros

Washington

O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Ben Bernanke, depôs ontem no Comitê de Bancos do Senado e disse o que dele se esperava: a autoridade monetária continuará agindo para estimular a economia. Em outras palavras, deixou claro que o Fed deverá reduzir de novo a taxa básica de juros, atualmente em 3% ao ano.

Bernanke também afirmou que espera um crescimento econômico mais fraco no primeiro semestre, o que desagradou ao mercado financeiro e foi a senha para um dia negativo nas bolsas de valores globais. A maioria havia se valorizado nos três dias anteriores.

O Índice Dow Jones perdeu 1,40% e a bolsa eletrônica Nasdaq, 1,74%. O Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) recuou 1,23%. Na Europa, o Índice Xetra DAX, da Bolsa de Frankfurt, caiu 0,16%.

¿As ações caíram hoje (ontem) porque subiram três dias seguidos e porque Bernanke rebaixou a economia¿, comentou Art Hogan, estrategista-chefe da Jefferies & Co. ¿O mercado estava buscando um motivo para realizar lucro e aqui está, apresentado sobre uma bandeja de prata ao vivo na tevê¿, ironizou.

Ao responder perguntas de senadores do Comitê Bancário, Bernanke afirmou que a próxima bateria de previsões econômicas do Fed, que serão divulgadas no fim do mês, serão menores do que as estimativas anteriores, feitas em outubro. A tendência central das previsões do Fed de outubro para crescimento em 2008 eram de expansão entre 1,8% e 2,5%.

Sobre esse assunto, o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Henry Paulson, disse que a previsão de crescimento de 2,7% no ano contida no orçamento da administração foi feita em novembro e não deve ser tão alta agora. Para ele, os riscos para a economia são de baixa. ¿Mas acredito que vamos continuar a crescer.¿

Na avaliação de Bernanke, o pacote de estímulo à economia sancionado quarta-feira pelo presidente George W. Bush poderá ter impacto no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) americano já no segundo trimestre, embora seu efeito deva ser percebido com maior intensidade no terceiro trimestre. ¿É uma lei muito oportuna¿, acrescentou.

Para o presidente do Fed, a combinação de estímulos fiscal e monetário também deverá tornar a economia mais resistente a choques inesperados. Bernanke disse ainda que a taxa de desemprego, que foi de 4,9% em janeiro, não está longe do nível do pleno emprego.

Bernanke afirmou, ainda, que espera que os bancos anunciem mais baixas contábeis. No entanto, ressaltou que, com as carteiras dos bancos ainda em boa forma, ele não vê nenhum risco iminente de insolvência bancária.

O presidente do Fed disse aos parlamentares que, para tornar o crédito mais disponível, é fundamental que os bancos reconheçam suas perdas, pois isso permitirá as instituições sigam em frente, levantando capital e emprestando novamente. AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

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