Título: Opportunity pode atrasar acerto para a compra da BrT pela Oi
Autor: Irany Tereza
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/02/2008, Negocios, p. B16
Banco de Daniel Dantas deve apresentar nova proposta para venda de sua participação, mantendo a ação contra o Citi
O banco Opportunity, que negocia de maneira separada dos demais sócios a reestruturação da Oi (antiga Telemar), apresenta hoje nova proposta de acordo, o que deve empurrar para a semana que vem a assinatura do memorando de entendimentos para a compra da Brasil Telecom (BrT) pela Oi. Será mais um adiamento indesejado do negócio, que os acionistas tentam acelerar para aproveitar o momento de aparente sincronização de interesses.
Segundo fontes, na semana passada o Opportunity, de Daniel Dantas, confirmara o interesse em vender sua participação pelo preço proposto pelos sócios. O banco deve deixar a sociedade embolsando em torno de R$ 2 bilhões, somando as fatias que detém na Oi, Brasil Telecom e Telemig. Porém, insistia em manter a integralidade das ações judiciais travadas com os fundos de pensão Previ, Petros e Funcef (respectivamente patrocinados pelo Banco do Brasil, Petrobrás e Caixa Econômica Federal). Essa briga representa o maior imbróglio empresarial da história no País e reúne mais de 50 ações.
Na nova proposta, o banco deve concordar com a retirada das ações de parte a parte. Mas, segundo fontes que acompanham o processo, vai impor a manutenção da disputa judicial com o Citigroup, que também venderá sua participação nas operadoras. O Opportunity, no início da sociedade, formada durante a privatização do Sistema Telebrás, representava tanto os fundos de pensão quanto os investidores do Citi. Foi destituído pelos fundos em 2003 e, dois anos depois, pelo Citi, com quem briga judicialmente na Corte de Nova York.
Fora do bloco de controle da Oi e afastado da gestão da BrT, o Opportunity não chega a representar um entrave para uma futura gestão, mas pode se tornar uma pedra no sapato dos acionistas da nova empresa.
Se não houver acordo quanto à retirada das ações judiciais, o novo grupo controlador da Oi, formado por Andrade Gutierrez, La Fonte (Carlos Jereissati) e Fundação Atlântico (fundo de pensão da Oi), poderá até comprar a BrT, assim que os esforços do governo para mudar a legislação estiverem concluídos. Mas, herdarão uma pendenga indesejável, que pode atrapalhar o andamento da nova supertele, que pretende investir pesadamente para disputar mercado com as rivais Telefónica (espanhóis) e América Móvil (mexicanos).
A idéia dos acionistas é promover uma limpeza na Oi e na BrT para que a nova operadora não inicie a jornada com qualquer penduricalho. As questões econômicas do acordo, segundo fontes, já foram fechadas em consenso.
O BNDES venderá, por cerca de R$ 800 milhões, parte de sua fatia na Oi para Petros e Funcef. A participação do banco estatal cai de 25% para 16,5% e a dos dois fundos sobe para cerca de 10% cada um. A Previ, que já detém cerca de 12%, permaneceria assim. Simultaneamente, o banco financia a dupla Andrade-Jereissati com R$ 1,8 bilhão para a compra das participações do Citi, Opportunity e GP Investimentos, que também já teria manifestado interesse de deixar a sociedade.
Depois da reestruturação societária na Oi, os controladores da operadora fariam a oferta pela BrT, de até R$ 5,4 bilhões, mas sem financiamento do BNDES. Segundo fontes, o governo prefere se manter à parte da aquisição, para evitar desgaste político. Os sócios buscariam outros meios de financiamento, além de recursos próprios.
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