Título: Fidelidade guiou escolha de relator e presidente
Autor: Lopes, Eugênia
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/02/2008, Nacional, p. A4

Indicados esta semana para comandar a CPI dos Cartões, o senador Neuto de Conto (PMDB-SC) e o deputado Luiz Sérgio (PT-RJ) têm em comum uma lealdade cega a seus grupos políticos. Neuto é ligado ao senador e ex-presidente José Sarney (PMDB-AP) e Luiz Sérgio faz parte do grupo do ex-ministro e deputado cassado José Dirceu.

Com perfis totalmente diferentes, eles foram escolhidos a dedo para conduzir as investigações e não deixar a oposição tomar conta dos trabalhos da CPI mista. Líder do PT na Câmara até o início da semana, Luiz Sérgio é apontado como um deputado combativo e fiel ao partido e a seu grupo político. Sua indicação baseou-se na certeza de que o petista sempre defenderá o governo, qualquer que seja o resultado das investigações sobre o uso dos cartões corporativos.

A expectativa é que Luiz Sérgio aja como um trator sobre a oposição, direcionando as investigações para o governo Fernando Henrique. ¿Temos de começar a apuração no nascedouro dos cartões para pegar o histórico desde sua criação¿, resumiu o petista, assim que foi anunciado como relator da CPI. Ele avisou que o Judiciário, o Ministério Público e as estatais também serão alvo da comissão .

CONCILIADOR

Fundador do antigo MDB, considerado quadro histórico do partido, e dono de perfil moderado, Neuto de Conto chegou ao Senado em janeiro como suplente do ex-senador Leonel Pavan (PSDB), eleito vice-governador de Santa Catarina. Neuto foi indicado para presidir a CPI como compensação por ter desistido, no fim do ano, de disputar a presidência do Senado com Garibaldi Alves (PMDB-RN).

Ao contrário de Luiz Sérgio, Neuto tem perfil conciliador, voltado para a negociação. Na avaliação de colegas de Senado, dificilmente partirá para o embate e o confronto. Além de presidir a CPI, ele alimenta outros projetos políticos: como tem dupla cidadania - é filho de italianos -, pretende disputar uma cadeira de senador na Itália.

Com a escolha de Luiz Sérgio e Neuto de Conto, o governo espera não perder o controle das investigações e afastar o fantasma da CPI dos Correios que investigou o esquema do mensalão em 2005. Apesar de ter dois governistas no comando - o senador Delcídio Amaral (PT-MS) e o deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) -, a comissão aprovou relatório que responsabilizou integrantes do governo Lula pelo desvio de dinheiro público para o mensalão.

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