Título: Mudança nas teles põe de lado o consumidor
Autor: Lacerda, Ana Paula ; Cruz, Renato
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/02/2008, Economia, p. B14

Proposta em preparação serve para resolver problemas de acionistas

Ana Paula Lacerda e Renato Cruz

Apesar do crescimento e do dinamismo do mercado de telecomunicações, os clientes estão longe de satisfeitos. As operadoras costumam liderar a lista de queixas do Procon. A competição na telefonia fixa e na banda larga é muito limitada. O governo prepara uma mudança de regras para viabilizar a compra da Brasil Telecom (BrT) pela Telemar (Oi), sob o argumento de que o País precisa de uma grande operadora nacional.

A mudança, porém, não resolverá os problemas enfrentados no dia-a-dia pelos assinantes, só os dos acionistas das empresas . No momento em que se define uma nova política de telecomunicações, o consumidor parece ter sido esquecido. As três concessionárias locais - Oi, BrT e Telefônica - controlam mais de 90% do mercado de telefonia e 74% da banda larga.

O mercado de telefonia fixa está em declínio, apesar dos bons resultados das operadoras. Existem consumidores que preferem o celular, mesmo pagando mais caro pelo minuto falado. O engenheiro Rubens Antonini desistiu de ter telefone em casa quando se mudou. ¿Fiquei só com o telefone celular.¿

A decisão teve alguns motivos, sendo o principal o preço da assinatura. ¿Seria um valor muito alto para algo que eu iria usar pouco. A maioria dos meus amigos usa a mesma operadora de celular que eu, então é mais barato falar por esse meio¿, explica Antonini.

¿Quando preciso fazer ligações interurbanas ou internacionais, uso o Skype, pela internet. O número fixo tornou-se desnecessário.¿

Para o engenheiro, outra crítica às operadoras fixas é a falta de clareza nas faturas. ¿Existem os planos em que você paga um valor xis por tantos minutos. Aí, você escolhe um subplano que, para alguns números ou cidades, têm outro valor. Aí, têm as cobranças de outras operadoras. Tudo isso junto na fatura é muito complicado para a maioria das pessoas.¿

Ele acha que o preço da assinatura - R$ 39,80 no plano básico - é alto. ¿Se houvesse mais concorrência, seria menor. Por isso tantas pessoas migram para outras opções, principalmente a internet.¿

As empresas de TV a cabo são hoje as principais concorrentes das teles. Entretanto, a oferta dos pacotes triple play, que combinam dados, voz e imagem, ainda é bastante limitada. Onde existe concorrência, os clientes conseguem descontos.

A consultora de beleza Edna dos Santos Oliveira havia conseguido 12 meses de desconto no seu Speedy Light, banda larga da Telefônica, há quase dois anos. Ela ia desligar o serviço porque achava muito caro, mas a empresa reduziu a conta em 50%. A nova promoção ia vencer e os atendentes da operadora não queriam renová-la.

Porém, uma semana antes de a Net chegar com o Vírtua, serviço de banda larga via cabo, ao seu bairro, Edna recebeu uma ligação da Telefônica, renovando a promoção e lhe dando descontos no telefone fixo. Ela assinou um plano mais barato e um pacote de TV paga da TVA, da qual a Telefônica é sócia. ¿Eu já tive muito o que reclamar há três ou quatro anos¿, afirma Edna. ¿Acho interessante que hoje são eles que entram em contato comigo.¿

O webmaster Fabio Emerson Pinto mora em um bairro que ainda não é atendido pelo Vírtua, da Net, e não teve tanta sorte na negociação com a Telefônica. ¿Fiquei mais de uma hora falando com o atendente. Quando eles pedem para aguardar, tenho a impressão de que eles consultam o sistema da Net para saber se o Vírtua está disponível no bairro.¿

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