Título: Chávez acusa Exxon de roubo
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Fonte: O Estado de São Paulo, 19/02/2008, Economia, p. B3
Empresa é acusada de levar 500 mil barris de petróleo ilegalmente do país
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, afirmou no domingo que seu governo pode entrar com processo contra a petroleira americana ExxonMobil pela suposta retirada de 500 mil barris de petróleo de campos venezuelanos sem o devido pagamento. ¿Eles retiraram 500 mil barris de petróleo bruto daqui sem registrá-los, antes de começarem a explorar os campos¿, disse Chávez, durante seu programa de rádio e televisão. ¿Vamos processar a ExxonMobil e exigir que eles paguem por aquele roubo. Eles são os agressores, eles são os ladrões.¿
Os comentários vieram alguns minutos depois de um funcionário da Petroleos de Venezuela S.A. (PDVSA) dizer ao vivo, na televisão, que a Exxon conseguiu roubar centenas de milhares de barris de petróleo anos atrás, sem o conhecimento do governo.
A acusação é a última da batalha legal que levou uma das mais poderosas companhias de petróleo do mundo a brigar com um país que controla algumas das maiores reservas de petróleo do planeta.
A Exxon e a Venezuela estão envolvidas em uma áspera e crescente disputa legal desde que o governo daquele país nacionalizou empreendimentos de produção de petróleo bruto, no ano passado, como parte dos planos do presidente Chávez.
Nos últimos dias, a questão legal tem ganhado traços políticos. Hugo Chávez acusou a Exxon de ter disparado o primeiro tiro em uma ¿guerra econômica¿ contra os Estados Unidos. A empresa, diz o venezuelano, está atuando como um braço do governo americano em outra tentativa de desestabilizar seu governo. Recentemente, um executivo da Exxon afirmou que a empresa está aberta para conversas com a Venezuela na esperança de encontrar uma solução para a disputa.
DISPUTA
A disputa legal entre a Exxon e a Venezuela é resultado da falha do país sul-americano em manter sua palavra e suas obrigações, afirmou ontem o chairman da companhia, Robert Olsen. ¿Essa é uma questão de inviolabilidade de contrato que fornece a base para todas as partes saberem seus direitos e responsabilidades¿, disse o executivo durante uma conferência sobre energia em Londres.
A PDVSA interrompeu na semana passada seu fornecimento de petróleo para a ExxonMobil depois que a empresa ganhou ordens para congelar bilhões de dólares em ativos estrangeiros da estatal venezuelana. Olsen se recusou a comentar mais sobre o debate com a Venezuela.
Em um discurso para analistas e executivos do setor, o executivo expôs um caso segundo o qual a ExxonMobil estabeleceu fortes relações de trabalho com várias outras nações e citou o Catar e a Malásia entre esses países. ¿Nós somos vistos como parceiros em relações (no Catar e na Malásia) que vão além da produção de petróleo e gás.¿
Olsen, que é chairman da Exxon desde 2004, afirmou que nações produtoras de petróleo estão procurando uma relação ¿mais profunda¿ com empresas estrangeiras de energia que ajudaram os países anfitriões a desenvolver as indústrias domésticas e a educar e treinar funcionários locais.
Como evidência disso, citou o trabalho da ExxonMobil em Sakhalin, no leste da Rússia. Segundo ele, o trabalho da empresa no projeto de petróleo e gás Sakhalin-1 foi um bom exemplo de que ¿a parceria pode trazer valor para os governos anfitriões¿. De acordo com Olsen, Sakhalin-1 deve gerar mais de US$ 50 bilhões em receita durante o tempo de vida do projeto e 90% da equipe que trabalha no projeto deve ser composta por cidadãos russos até 2018.
O executivo afirmou que a cooperação entre companhias estrangeiras de petróleo e governos nacionais é vital para aumentar a oferta de nova energia por causa da dificuldade e dos altos custos de novos projetos de petróleo e gás em regiões mais remotas.
A quantidade de grandes projetos energéticos, de mais de US$ 5 bilhões cada, deve triplicar nos próximos sete anos, segundo Olsen. Nenhuma companhia tem os recursos financeiros, tecnologia e conhecimento suficientes para entrar nesses projetos sozinha, disse o executivo. ¿Trabalhando juntos, nossas companhias (estrangeiras e estatais) serão capazes de realizar mais do que se cada uma de nós tentar seguir sozinha.¿
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