Título: Brasil quer cota integral de gás
Autor: Brito, Agnaldo
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/02/2008, Economia, p. B4

Lula avisará que não vai abrir mão do produto boliviano

O Brasil não abre mão do direito de exigir o volume máximo de gás natural da Bolívia, de 30 milhões de metros cúbicos por dia, conforme prevê o contrato firmado com a Petrobrás. Inicialmente ditada pela estatal, a posição foi reforçada ontem pelo ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, a cinco dias do encontro entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, Cristina Kirchner, da Argentina, e Evo Morales, da Bolívia.

A reunião tratará da incapacidade do governo boliviano de prover seus vizinhos com a cota máxima do insumo no inverno. ¿O Brasil não pode renunciar a esse compromisso¿, disse Amorim. ¿Foi reiterada nossa disposição de continuar cooperando e de investir (na Bolívia) e também nossa grande dificuldade de renunciar a algo que está nos contratos e é necessário ao Brasil. Não exigiríamos isso por pirraça¿, completou o ministro, referindo-se à visita do vice-presidente boliviano, Álvaro García Linera, e do ministro de Hidrocarbonetos, Carlos Villegas, a Brasília, no dia 13.

Segundo Amorim, o presidente Lula terá o cuidado de tratar previamente da questão com Cristina Kirchner, na sexta-feira, na visita oficial à Argentina. O objetivo é impedir que a relação bilateral seja afetada pela incapacidade de a Bolívia despachar o volume máximo de 7,7 milhões de metros cúbicos de gás por dia, previsto no seu contrato com a Argentina, e de atender o mercado brasileiro.

No inverno passado, o Brasil socorreu os dois países. Concordou em exportar energia elétrica para a Argentina e reduzir pequena parte de sua exigência de gás da Bolívia, como meio de esse país suprir o aumento da demanda do país vizinho.

Neste ano, as perspectivas do setor elétrico brasileiro são menos favoráveis e persiste a decisão do Operador Nacional do Sistema (ONS) de manter o suprimento de energia termoelétrica até, pelo menos, 2009. ¿Garantido o abastecimento interno, o Brasil sempre procurou ajudar a Argentina. Este ano, como o Brasil tem necessidade do gás, vejo dificuldade em ceder¿, insistiu. ¿Se melhorar nossa situação, podemos negociar.¿

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