Título: A cadeia produtiva da carne precisa fazer a sua parte
Autor: Salvador, Fabíola
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/02/2008, Economia, p. B9

Pecuarista e exportador também são responsáveis por Sisbov, diz Stephanes

Depois de pedir aos frigoríficos que liderassem o processo de rastreabilidade do rebanho bovino, o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, disse ontem que todos os elos da cadeia produtiva da carne também têm responsabilidade no processo de certificação exigido pela União Européia (UE) para compra do produto brasileiro.

Ele não isentou o governo federal da responsabilidade de fiscalizar, mas disse que pecuaristas, exportadores e empresas certificadoras são responsáveis pelo bom funcionamento do Serviço Brasileiro de Rastreabilidade da Cadeia Produtiva de Bovinos e Bubalinos (Sisbov). 'O ministério não produz nem exporta', afirmou. 'A cadeia produtiva também precisa fazer sua parte.' Stephanes disse que as críticas da UE ao sistema brasileiro de rastreabilidade são conhecidas e o governo tomou medidas para corrigir as deficiências.

Entre elas, citou o agrupamento das medidas de controle sanitário e de certificação numa única secretaria. Outra mudança, segundo ele, foi a exigência da Guia de Trânsito Animal (GTA) eletrônica para o gado vendido para frigoríficos que exportam ao mercado europeu. Até pouco tempo, a GTA, documento que autoriza o trânsito de animais entre propriedades e também para os frigoríficos, era preenchida a mão.

Em relação à chegada da missão européia ao Brasil, prevista para domingo, o ministro demonstrou tranqüilidade, apesar da polêmica que envolve o embargo do bloco à carne brasileira e os motivos que determinaram a suspensão comercial desde 1º de fevereiro.

As vendas foram suspensas porque o Brasil apresentou 2.681 fazendas que, segundo o governo, cumpriam as regras da UE. Os europeus pedem uma lista com apenas 300 propriedades.

Ontem, o ministro evitou falar sobre o número de fazendas na lista, mas confirmou que caberá aos europeus escolher as propriedades que serão visitadas na semana que vem. Stephanes também descartou mudanças no sistema de rastreabilidade, como defendem algumas certificadoras, que pedem regras mais rígidas para credenciar as empresas no ministério. Na semana passada, o ministro disse que a situação das certificadoras é um 'escândalo'.

Apesar das dificuldades com a UE, o presidente da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), Fábio Meirelles, avaliou que o Brasil deve insistir no mercado europeu, que compra cortes nobres. 'Temos condições de atender outros mercados e também manter o fornecimento aos 27 países do bloco.'

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