Título: Otan acusa sérvios de orquestrarviolência
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Fonte: O Estado de São Paulo, 21/02/2008, Internacional, p. A17

Acusação contra líderes locais aumenta tensão em Kosovo

AP, AFP E REUTERS

Pristina - O comandante das forças de paz da Otan em Kosovo e líderes servo-kosovares trocaram ontem acusações, aumentando a tensão no território que declarou independência da Sérvia no domingo. De acordo com o general Xavier Bout de Marnhac, que comanda as tropas da organização, líderes sérvios locais orquestraram os dois ataques de terça-feira contra postos de fronteira da ONU no norte de Kosovo.

¿Alguns líderes servo-kosovares assumiram um grande risco ao permitirem a participação de mulheres e crianças nessas operações, colocando-os em perigo¿, alertou De Marnhac, após reunião com o presidente de Kosovo, Fatmir Sedjiu e o primeiro-ministro Hashim Thaci. Desde 1999, quando a ONU assumiu a administração da então província sérvia, 16 mil soldados de paz estão estacionados em Kosovo.

Nos ataques de terça-feira, centenas de servo-kosovares incendiaram os postos de Banja e Jarinje, que ficaram totalmente destruídos. A violência, a pior desde domingo, forçou a Otan a fechar ontem os postos, irritando ainda mais os sérvios. O fechamento do acesso à Sérvia teve, em parte, o objetivo de impedir a entrada de militantes sérvios nacionalistas.

A população sérvia, minoria no território onde 90% da população é de origem albanesa, disse ontem que o fechamento dos postos impediu a entrada de produtos básicos como leite e pão. ¿As acusações são ridículas, mas não me surpreendem. Já nos acusaram disso no passado¿, disse o líder nacionalista Milan Ivanovic, em resposta às acusações do comandante da Otan.

A possibilidade do aumento da violência e do eventual retorno dos conflitos étnicos na região levou Belgrado assegurar que o grande protesto marcado para hoje na capital será completamente pacífico.

RESPOSTA DIPLOMÁTICA

¿Não haverá violência nem perigo para ninguém. Temos direito de defender o Kosovo, mas apenas de maneira pacífica e com atitudes racionais¿, afirmou o presidente da Sérvia, Boris Tadic. O governo sérvio anunciou que retirou ontem seus embaixadores da Alemanha e da Áustria, depois que Berlim e Viena reconheceram a independência de Kosovo.