Título: Investidor ganha com nova bolsa
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/02/2008, Economia, p. B3
Empresa se consolidaria como líder na região, atrairia mais capital externo e estimularia mercado local
Rosangela Dolis
Uma fusão da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) com a Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) seria muito positiva não só para o investidor em ações dessas empresas, mas também para o mercado de ações em geral, segundo analistas, pelo incremento de investimento externo, crescimento do mercado local e oferta de novos produtos financeiros.
¿O investidor teria ações de uma nova empresa com grande volume de negócios e forte valor de mercado, pronta para a internacionalização¿, diz Alcides Leite, professor de Mercado Financeiro da Trevisan Escola de Negócios.
Como empresa, a nova bolsa tenderia a apresentar bons resultados financeiros, porque se beneficiaria de aumento de receitas e redução de custos. Do lado das receitas, o volume aumentaria com o crescimento da participação de investidores externos e locais. ¿O mercado tende a evoluir, porque o número de empresas listadas em bolsa hoje ainda é pequeno e há concentração de negócios em grandes companhias¿, diz Leite.
Do lado dos custos , como é grande a sinergia entre as duas bolsas, ¿haveria oportunidades de corte de custos em várias áreas¿, avalia Fausto Gouveia, analista da Win, home broker da Alpes Corretora.
¿Em vez de competir, as duas bolsas vão somar forças¿, acredita Carlos Manuel Pereira, analista da Lopes Filho e Associados Consultores Financeiros. ¿Uma bolsa mais forte atrairia ainda mais a atenção do exterior.¿
Gouveia também acredita que ¿não precisa ter duas bolsas fortes competindo no País¿. Uma fusão das instituições tornaria a nova bolsa muito representativa globalmente, avalia. ¿Isso promove liquidez e atrai investidores estrangeiros, para quem liquidez é fator preponderante na tomada de decisão de investimento.¿
Na opinião de Leite, a fusão criaria uma sinergia tal que a nova empresa valeria mais que a simples soma das duas empresas atuais. ¿A nova bolsa ganha massa crítica.¿ O estrategista de renda variável da Corretora Omar Camargo, de Curitiba, Rogério Garrido, acrescenta que essa sinergia traria novos produtos para o investidor. ¿Criaria no País uma cultura de investimento em commodities e em mercados futuros.¿
INVESTIMENTO
Analistas são unânimes em afirmar que o investidor que tinha visto este ano seu investimento em ações da BM&F desabar 36,67% e da Bovespa, 29,36% até terça-feira, deve manter o papel em carteira, mesmo depois da alta de 10,19% da Bovespa e de 15,41% da BM&F ontem. ¿Há espaço para mais valorização desses papéis¿, diz Leite.
Garrido concorda que, diante das altas expressivas das ações da Bovespa e da BM&F ontem, ¿não há dúvida de que uma fusão é uma boa notícia¿. Ele também recomenda que o investidor mantenha os papéis das duas empresas que tem em carteira, mas faz restrição a novas compras agora. ¿São empresas que não têm ainda um histórico de lucro¿, diz. Isso porque elas abriram o capital muito recentemente, no último trimestre de 2007.
O consultor financeiro Marcos Crivelaro também é da opinião que o investidor não deve desfazer-se agora dos papéis da Bovespa e da BM&F. ¿Só se estiver precisando de dinheiro, senão, é melhor aguardar.¿ Ele lembra que, no lançamento no último trimestre, esses foram papéis que se valorizaram bastante e depois sofreram quedas fortes. ¿Agora, com essa notícia, eles tendem a buscar um preço mais justo¿, observa.
Crivelaro alerta que o investidor precisa estar preparado para um período de oscilações de preços por causa dos rumores que deverão surgir no prazo de 60 dias que as duas empresas têm para negociações. ¿Como o anúncio foi feito em fato relevante, é grande a chance de a fusão ocorrer¿, diz Garrido. ¿É uma indicação de que as conversas estão adiantadas.¿
Links Patrocinados