Título: Governo rastreia contas de Cacciola
Autor: Netto, Andrei
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/02/2008, Economia, p. B7
Extradição não encerra ação do Ministério da Justiça, que busca recursos do ex-banqueiro no exterior
Monte Carlo - A eventual concordância do governo de Mônaco em extraditar o ex-banqueiro Salvatore Cacciola, preso desde 15 de setembro, não encerrará a ação do Ministério da Justiça sobre a falência dos bancos Marka e FonteCindam, ocorrida em janeiro de 1999. À espera da decisão dos juízes do principado, que pode sair a qualquer momento, o secretário nacional de Justiça, Romeu Tuma Júnior, alertou que o governo brasileiro investiga a existência de contas secretas supostamente mantidas pelo ex-banqueiro no exterior.
A investigação cabe ao Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI), órgão subordinado à Secretaria Nacional de Justiça. ¿O objetivo é localizar bens e recursos, bloqueá-los e repatriá-los¿, disse Tuma Júnior. ¿Estamos trabalhando¿, acrescentou, sem fornecer detalhes sobre o número de contas ou os países envolvidos.
Quando foi preso em Mônaco, durante uma suposta viagem de turismo, Cacciola vivia em liberdade na Itália, país do qual tem cidadania. Em Roma, ele é proprietário de um hotel quatro-estrelas, o Fortyseven, no centro histórico da cidade. ¿Não existe ninguém com mais conhecimento técnico para enviar dinheiro ao exterior do que um presidente de banco¿, disse Tuma Júnior, ressaltando que falava de forma generalizada, e não necessariamente sobre o caso Cacciola. ¿Ninguém precisa carregar mala para sair do país, seja com dinheiro lícito ou ilícito¿, afirmou.
Apesar da revelação, o secretário disse que a preocupação mais urgente do Ministério da Justiça continua sendo garantir a extradição do ex-banqueiro. ¿O caso não acabou. Há uma decisão do Executivo de Mônaco que precisa ser tomada.¿
Antes do pronunciamento do príncipe Albert II, continua sendo esperada a publicação do parecer sobre a extradição, a ser emitido pelo Tribunal de Apelação. Ontem, 24 horas após a audiência que pôs fim à fase de instrução, o primeiro procurador-geral adjunto de Mônaco, Gérard Dubes, informou ao Estado que o documento não havia sido concluído.
Durante a audiência de terça-feira, Cacciola foi autorizado a se pronunciar pela primeira vez desde a prisão. Segundo sua advogada italiana, Alessandra Mocchi, o ex-banqueiro disse que não tirou proveito pessoal da derrocada do Banco Marka - cuja falência provocou prejuízo de R$ 1 bilhão durante a crise cambial do real em 1999 -, e não se apoderou de US$ 13 milhões, como é acusado. Disse também temer ser assassinado se voltar ao Brasil, por ter denunciado juízes que hoje enfrentam processos judiciais.
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