Título: Pecuarista quer nome de quem vendeu carne irregular
Autor: Salvador, Fabíola
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/02/2008, Economia, p. B11
Para CNA, ministro deve fazer lista dos frigoríficos denunciados por ele
O presidente do Fórum Nacional Permanente de Pecuária de Corte, Antenor Nogueira, da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), reagiu ontem às declarações do ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, e disse que o governo ¿tem a obrigação¿ de dizer o nome dos frigoríficos que exportaram carne de gado não rastreado para a União Européia.
Na semana passada, Stephanes admitiu que o Brasil vendeu carne irregular aos europeus, que exigem a rastreabilidade dos rebanhos, ou seja, a identificação dos animais do nascimento ao abate.
Os integrantes do fórum reuniram-se ontem para discutir a suspensão das exportações brasileiras à Europa, decretada pela UE no dia 1º, depois de rejeitar uma lista apresentada pelo governo com 2.681 propriedades consideradas aptas para exportar. A UE quer uma lista com apenas 300 fazendas.
Para evitar mais polêmica a poucos dias da chegada de uma missão de veterinários europeus ao País, o Ministério da Agricultura optou por não responder oficialmente ao questionamento de Nogueira. Fontes da Secretaria de Defesa Agropecuária reafirmaram, no entanto, que é impossível quantificar o volume e o frigorífico que vendeu a carne não rastreada e disseram que a declaração do ministro foi feita com base em documentos da própria UE. Auditorias nas certificadoras apontaram falhas no processo de rastreabilidade, o que teria permitido a venda irregular.
Após mais de três horas de reunião, Nogueira refutou outra declaração de Stephanes, que disse, na terça-feira, que todos os elos da cadeia produtiva também têm responsabilidade no processo de certificação exigido pelos europeus. ¿Se o pecuarista fez algo errado, foi incentivado a fazer¿, disse ele, sem explicar se o ¿incentivo¿ para a prática ilegal vinha dos frigoríficos, das empresas certificadoras ou do governo.
NOVA LISTA
Apesar do tom sigiloso que envolve a nova lista de fazendas, aparentemente o governo decidiu apresentar na próxima segunda-feira aos europeus o nome de 300 propriedades nos Estados de Goiás, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e parte de Mato Grosso. Da lista não constam fazendas do Espírito Santo e de Minas Gerais, que também fazem parte da área considerada habilitada para fornecimento de animais para frigoríficos que vendem ao bloco.