Título: Bogotá quer mediação da UE
Autor: Domingos, João
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/03/2008, Internacional, p. A13

Governo busca apoio da Europa, que considera Farc terroristas

O governo da Colômbia quer o envolvimento da União Européia (UE) na crise sul-americana. Ontem, o vice-presidente da Colômbia, Francisco Santos Calderón, informou ao Estado que teria uma reunião ontem mesmo com os europeus para começar a tratar do tema. ¿Temos um pedido (de envolvimento) para a UE¿, afirmou Santos, sem dar detalhes, antes de participar da abertura da reunião do Conselho de Direitos Humanos da ONU. Ele evitou ainda confirmar se Bogotá aceitaria a mediação do Brasil na crise.

¿Estamos em uma fase muito delicada da história do conflito e não podemos falar demais nesse momento¿, afirmou Santos. Ele confirmou, porém, que o seu encontro com os europeus tinha como objetivo convencê-los de que a ação no território equatoriano era necessária para combater as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), que na Europa integram a lista dos um grupos terroristas. A Comissão Européia, em Bruxelas, também manteve silêncio. ¿Nesse momento, não temos nada a dizer sobre o tema¿, afirmou a porta-voz da CE, Christiane Hohmann.

Na ONU, a crise sul-americana deixou tensos diplomatas e ministros que participavam da reunião do Conselho de Direitos Humanos. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu calma à Venezuela, Colômbia e Equador, insistindo para que os três governos resolvam suas diferenças sem o uso da violência. Num canto da sala de reuniões, Santos -visivelmente tenso - tentava manter contatos com delegados de vários países para explicar o que ocorria na região.

Jorge Taiana, ministro das Relações Exteriores da Argentina, passou o dia entre reuniões com os demais governos sul-americanos, além dos inúmeros contatos pelo celular com o chanceler Celso Amorim e outros ministros.

Já o ministro de Relações Exteriores de Cuba, Felipe Pérez Roque, manteve conversas com os embaixadores da Venezuela e do Equador.