Título: Lucro da Petrobrás cai 17% no ano
Autor: Pamplona, Nicola; Lima, Kelly
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/03/2008, Economia, p. B1

O lucro da Petrobrás caiu 17% em 2007, para R$ 21,57 bilhões, apesar da alta internacional do petróleo no ano passado, de 11% na média para o tipo Brent. Em 2006, a estatal havia lucrado R$ 25,9 bilhões. Foi a primeira queda de desempenho desde 2002, quando o lucro recuou 19%. A Petrobrás atribuiu o resultado à valorização cambial e aos ajustes no fundo de pensão dos funcionários, o Petros, responsável pelo impacto negativo de R$ 1,75 bilhão.

O diretor financeiro da companhia, Almir Barbassa, minimizou a queda, dizendo que 2007 foi ¿excepcional¿ do ponto de vista operacional. ¿Mais do que dobramos o valor de mercado da companhia.¿ Barbassa destacou o fato de o valor de mercado da estatal ter crescido 87%, dando um retorno de 83,9% aos acionistas, e de 131,4% aos detentores de ADRs (papéis negociados no exterior), considerando o reinvestimento dos dividendos. Segundo o balanço financeiro da estatal, o valor de mercado da companhia atingiu R$ 429,9 bilhões, ante R$ 230,4 bilhões em 2006. A empresa ainda não incluiu em seu balanço a descoberta de reservas abaixo da camada de sal na Bacia de Santos.

A queda do lucro foi superior às estimativas de mercado. Segundo Barbassa, apenas a valorização do real teve impacto negativo de R$ 3,9 bilhões, ou R$ 2,6 bilhões a mais do que em 2006. ¿Estamos muito mais ativos no mercado internacional, com investimentos em dólar, que sofrem impacto da valorização do real¿, disse ele, que classificou o resultado como ¿impacto contábil¿, que não afeta o fluxo de caixa. Entre o primeiro e o último dia de 2007, o real se valorizou 17% ante o dólar.

Analistas do mercado, porém, debitam parte da queda à manutenção dos preços internos da gasolina e do diesel em um ano de alta das cotações internacionais. ¿Cerca de 60% da receita está atrelada a produtos como gasolina e diesel, e estes não sofreram reajustes desde o último semestre de 2005¿, avaliou, em relatório, Felipe Cunha, da corretora Brascan, um dos que chegaram mais perto do resultado final, prevendo lucro de R$ 22,15 bilhões.

O preço médio dos derivados vendidos pela companhia subiu apenas 1% no ano, atingindo R$ 155,45 por barril. Barbassa descartou reajustes no curto prazo, e disse que ainda não é possível identificar um novo nível de preços de petróleo, ainda que o barril em Nova York tenha fechado fevereiro com a cotação média de US$ 95. ¿Existe possibilidade de uma grande recessão nos Estados Unidos, que consomem, só em gasolina, 9 milhões de barris por dia. Qualquer queda de 10% tem impacto enorme.¿

O executivo admitiu que atrasos na entrega de plataformas afetaram a produção de petróleo e gás, que ficou praticamente estável em relação a 2006, em 2,3 milhões de barris de óleo e gás por dia no Brasil e no exterior.