Título: Para analistas, Copom deverá manter a taxa Selic em 11,25%
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Fonte: O Estado de São Paulo, 04/03/2008, Economia, p. B6

Mas avisam que pressão inflacionária pode obrigar o BC, que se reúne hoje e amanhã, a subir o juro este ano

Renée Pereira, Luciana Xavier, Suzi Katzumata e Daniela Milanese

A aposta unânime do mercado financeiro para a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), que começa hoje e termina amanhã, é de estabilidade na taxa básica de juros (Selic), em 11,25% ao ano.

Levantamento da Agência Estado com 61 instituições mostra que todos os analistas dão como certa a manutenção da taxa ao menos até o próximo encontro, dias 15 e 16 de abril. Ninguém descarta, porém, a possibilidade de o BC ter de elevar os juros ainda no primeiro semestre.

Para o economista da Modal Asset Management Alexandre Póvoa, a novidade da reunião deste mês deve vir estampada no placar de votação. Depois do tom mais duro na ata da reunião de janeiro, ele não acredita em unanimidade na direção do BC. ¿Um consenso poderá enfraquecer o discurso do BC e relaxar a postura do mercado¿, avalia o economista.

Ele explica que os índices de preços continuam sendo um ponto de preocupação no mercado. Apesar da melhora da inflação corrente, os preços internacionais estão em forte alta em vários segmentos. ¿Por isso, acho bom não subestimar uma posição mais agressiva nesta reunião.¿

O economista-chefe da Ativa Corretora, Arthur Carvalho Filho, concorda com Póvoa. Segundo ele, os riscos inflacionários têm se intensificado e aumentado a possibilidade de alta da Selic neste ano. Mas, por enquanto, o economista mantém cenário de estabilidade da taxa básica em 11,25% ao ano.

¿A política do BC em 2008 está extremamente dependente dos dados correntes, que estão indicando o quão contaminada estaria a inflação como um todo, graças à inflação de alimentação. Os dados de março e abril serão essenciais para desenhar um novo cenário da política monetária para 2008¿, analisou Carvalho Filho.

O presidente do HSBC Bank Brasil, Emilson Alonso, não vê motivos para o BC elevar a Selic. ¿Os mercados globais estão em processo de redução das taxas, movimento puxado pelos Estados Unidos. Se o BC não fizer nada, já estará apertando a política monetária¿, afirmou o executivo, ontem, em Londres, por meio de videoconferência para jornalistas.

Alonso também avalia que o real valorizado ajuda a combater a alta dos índices de preços, preocupação diante da atividade econômica aquecida. Além disso, o aumento do IOF contribui para a elevação dos juros na prática. ¿Não tem por que o BC elevar a Selic.¿