Título: Lula inaugura área da Embrapa de monitoramento via satélite
Autor: Brito, Agnaldo
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/03/2008, Economia, p. B7

Divisão que acompanha mudanças na agricultura terá sede em Campinas

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva inaugura hoje, em Campinas, a nova sede da Embrapa Monitoramento por Satélite. Criada a partir de um ato da Presidência da República, em 1989, a unidade era a única da empresa sem sede própria. As instalações de 6 mil metros quadrados foram erguidas num terreno cedido pelo Exército Brasileiro.

A Embrapa Monitoramento por Satélite opera como um centro de pesquisa que capta e analisa imagens de satélites que permitem a gestão territorial do agronegócio brasileiro. A partir das imagens orbitais, a unidade da Embrapa tem condições de avaliar as dinâmicas econômicas em todo o País, o avanço da agricultura e da pecuária em áreas de floresta, ou ainda, as mudanças provocadas por alterações de preços de culturas em áreas já ocupadas por atividades econômicas.

Os dados coletados pelos satélites também têm permitido à Embrapa acompanhar a infra-estrutura utilizada para o setor agrícola (como estradas, portos, áreas de armazenagem e de processamento) e até subsidiar o governo em projetos de expansão dessas redes.

O avanço tecnológico das fotografias orbitais, segundo Evaristo Eduardo de Miranda, chefe-geral da Embrapa Monitoramento por Satélite, tem permitido pesquisas mais detalhadas sobre qualquer região brasileira. A previsão é que, com uma sede própria, o centro ganhe mais capacidade para estudar os tipos de ocupações de áreas agrícolas do País.

¿Quando fiz meu doutorado, tínhamos imagens de satélite com resoluções de 200 metros. Achávamos uma maravilha. Isso foi evoluindo e hoje temos imagens com resolução de 50 centímetros. Dá para contar quantas tampas de bueiros temos numa cidade¿, brinca. A imagem tomada do espaço é o que tem permitido à Embrapa Monitoramento por Satélite detalhar, por exemplo, a infra-estrutura de produção de energia e agroenergia no País - um trabalho desenvolvido para o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GRI/PR).

AVANÇO DA CANA

Recentemente, a área descobriu que o avanço da cana entre os anos de 1988 e 2003 na macrorregião de Ribeirão Preto aumentou a quantidade de gás carbônico absorvida na biomassa produzida. Segundo a pesquisa, as oito culturas medidas (pastagem, eucalipto, seringueira, citrus, café, soja, milho e cana) absorveram, em 1988, 170 milhões de toneladas por ano. O avanço da cana sobre pastagens e culturas anuais (soja e milho) elevou a absorção de dióxido de carbono para 271,5 milhões de toneladas no ano de 2003.

O trabalho demonstra que a cana tem mais capacidade do que as demais culturas de converter gás carbônico em biomassa. Segundo Mônika Bergamaschi, diretora-executiva da Associação Brasileira do Agronegócio da Região de Ribeirão Preto, no futuro, esses dados devem ajudar o setor sucroalcooleiro a gerar créditos de carbono para serem negociados no mercado internacional. Hoje, grande parte dos créditos do setor decorre dos projetos de co-geração de energia a partir do bagaço da cana.