Título: Jorge: empresário não é problema
Autor: Samarco, Christiane; Oliveira, Ribamar
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/03/2008, Nacional, p. A4

Para ministro, dificuldade na reforma são os Estados

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, disse ontem, em São Paulo, que a maior resistência ao projeto de reforma tributária, em tramitação no Congresso, vem dos governadores, não dos empresários. ¿É evidente que o empresariado quer mais. Ele sempre pedirá mais, inclusive que zerem os impostos. O empresário é um felino, digamos assim¿, afirmou. ¿Mas o maior problema para a aprovação da reforma tributária não tem sido os empresários. Tem sido os governadores.¿

O ministro exemplificou a dificuldade citando o caso de São Paulo. ¿Hoje (ontem) você vê nos jornais a discussão do Estado de São Paulo dizendo que procurará a Petrobrás para que parte dos royalties dos novos campos de petróleo seja para São Paulo, não só para o Rio.¿

Para ele, a disputa já é uma tentativa dos paulistas de compensar eventuais perdas de receita com o novo modelo de tributação.

CONSENSO DIFÍCIL

Embora confiante na aprovação do projeto pelo Congresso, Jorge disse que o consenso que se espera entre Estados e municípios em torno da proposta é quase impossível. ¿Em um Estado federativo com 27 Estados e interesses muito diferentes, fica difícil aprovar uma reforma que contemple a todos.¿

Segundo o ministro, haverá sempre ¿ganhadores e perdedores¿, referindo-se à redistribuição tributária proposta na reforma. ¿O que precisa ser feito é um balanço bom para que os perdedores não percam muito e os ganhadores não ganhem muito¿, comentou. ¿A mudança na repartição dos tributos é o maior problema.¿

Jorge já havia se pronunciado sobre a reforma tributária no mês passado. Na ocasião, diante da avalanche de queixas do empresariado, disse que a proposta enviada pelo governo ao Congresso estava longe de ser a ideal, mas era a possível no momento.

Ontem o ministro disse que o empresariado está no seu direito ao reclamar. ¿O papel dele é fazer com que se pague menos imposto, porque você produz mais, emprega mais e gera mais lucro.¿ O governo, segundo ele, tem de ¿receber essas reclamações, avaliar e fazer o que for possível para atender¿.