Título: Beneficiados garantem que filiação não tem influência
Autor: Filgueiras, Sônia ; Moraes, Marcelo de
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/03/2008, Nacional, p. A5

Prefeito de Campo Magro, que trocou o PTB pelo PMDB, diz que sempre teve reivindicações atendidas

Sônia Filgueiras e Marcelo de Moraes, Brasília

¿O atendimento em Brasília é dez, não importa de que partido seja o ministro¿, diz o prefeito de Campo Magro (PR), Rilton Boza, conhecido como Bozinha, referindo-se aos seus périplos nas repartições públicas federais em busca de verbas. ¿Nunca me perguntaram a que partido eu pertencia¿, afirma.

Ele conseguiu contratos no total de R$ 2,1 milhões no ano passado, após mudar do PTB para o PMDB. Mas afirma que já integrava as bases aliadas local e federal e os contratos estavam em negociação antes da mudança de legenda. Segundo essa explicação, a troca de partido não teria influenciado em nada o acesso a recursos federais.

Bozinha declara que migrou para o PMDB para ficar mais próximo do governador do Paraná, Roberto Requião, e garantir estrutura partidária estável no caso de sua eventual candidatura à reeleição neste ano. O prefeito também adianta que mais verbas ainda vão entrar nos cofres da prefeitura. O município receberá R$ 13 milhões, por intermédio do governo do Paraná, originários do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

O prefeito de Jacobina, Rui Macedo, ex-PSDB, diz que não há relação entre o recebimento das verbas do Ministério da Integração Nacional - R$ 5 milhões para recuperação de bairros e drenagens - e seu ingresso no PMDB. O dinheiro destina-se, segundo ele, à recuperação dos danos causados pelas chuvas em fevereiro de 2007.

Decretos e portarias que caracterizaram o estado de emergência foram publicados entre fevereiro e maio de 2007. ¿O fato de o ministro Geddel ser do PMDB não tem relação com o convênio. A liberação dos recursos já estava acertada desde o início do ano passado, quando eu ainda estava no PSDB, na oposição¿, diz Macedo.

FORÇA POLÍTICA

O prefeito de Jacobina explica que os dois convênios só foram assinados em dezembro porque a prefeitura teve dificuldades de atender às exigências do ministério, apesar da emergência reconhecida.

¿Em um dos casos, tivemos que obter liminar na Justiça¿, diz Macedo. ¿Entrei em discordância com o PSDB e saí. Procurei um partido que tivesse a mesma força na região, o PMDB. Não tenho afinidade com o diretório local do PT. ¿

Para o prefeito, ¿ninguém deve mudar de partido por conta de maior ou menor acesso a verbas. A troca deve envolver visão política.¿

O prefeito de Novo São Joaquim, em Mato Grosso, Antônio Augusto Jordão, diz que se filiou ao PMDB por afinidade ideológica. ¿Não há nenhuma ligação com os convênios, até porque são verbas pequenas em comparação com as necessidades do município. Eles já estavam em negociação antes.¿

Novo São Joaquim assinou convênios no total de R$ 811 mil a partir de dezembro do ano passado. Para firmá-los, o prefeito informa que contou com o apoio de duas forças políticas do Estado: a senadora Serys Slhessarenko (PT) e o deputado Carlos Bezerra (PMDB). Nos três anos anteriores de sua gestão, Jordão conseguiu R$ 1,8 milhão em verbas federais. Ele afirma que deixou o PPS, seu antigo partido, em agosto de 2006 e ficou um ano sem legenda.

A reportagem telefonou e mandou e-mails às assessorias dos demais prefeitos citados. Até o fechamento desta edição não houve retorno.

Links Patrocinados