Título: Sarkozy busca apoio do centro para segundo turno
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Fonte: O Estado de São Paulo, 11/03/2008, Internacional, p. A12
Aliança garantiria vitória conservadora sobre socialistas nas eleições municipais da França
Efe e Reuters
O partido governista francês União por um Movimento Popular (UMP) tentava ontem assegurar o apoio do Movimento Democrático (Modem), do centrista François Bayrou, para o segundo turno das eleições municipais, no domingo, após a derrota para a aliança socialista no fim de semana.
O ex-primeiro-ministro e vice-presidente do UMP, Jean-Pierre Raffarin, afirmou que o ¿lugar certo¿ para o Modem é ao lado do presidente da França, Nicolas Sarkozy. ¿Peço que vocês (centristas) não se tornem uma parede hostil à reforma, uma parede de imobilidade, que freará as mudanças necessárias na França¿, apelou Raffarin. O medo dos conservadores é o de que uma nova derrota no segundo turno limite as propostas reformistas de Sarkozy.
Conquistar o apoio dos centristas - que ganharam força após o terceiro lugar de Bayrou nas eleições presidenciais do ano passado - não será tarefa fácil para os conservadores. No domingo, Bayrou declarou que não daria uma ¿orientação geral¿ aos membros do partido, mas que avaliará a situação ¿cidade por cidade, candidato por candidato¿. O UMP já ofereceu ao Modem apoio para o partido conquistar a prefeitura de Pau (no sudoeste do país), onde os centristas ficaram atrás do Partido Socialista.
Apesar de os socialistas também terem declarado que pretendem negociar com os centristas, líderes do partido divergem sobre a necessidade de apoio do Modem. ¿Não estamos numa estratégia de aliança¿, declarou o líder do PS, François Hollande, logo depois de a ex-candidata presidencial do partido e sua ex-mulher Ségolène Royal ter pedido alianças ¿em todas as regiões¿.
O resultado da votação de domingo - 49% dos votos para os socialistas e 44,5% para os conservadores, com quase todas as urnas apuradas - serviu de alerta para Sarkozy, que viu nos últimos meses seu forte apoio despencar. Desde maio do ano passado, a aprovação do líder francês caiu de 65% para 37%. Um dos fatores responsáveis pelo enfraquecimento da imagem de Sarkozy, que chegou a ser chamado de ¿super-Sarko¿ no início de seu mandato, tem sido sua vida amorosa. Um mês depois de anunciar o divórcio de sua mulher, Cécilia, em outubro, o presidente conheceu a ex-modelo e cantora italiana, Carla Bruni, com quem se casou em 2 de fevereiro.
Assessores de Sarkozy ressaltaram ontem que o resultado não foi uma grande derrota para os conservadores, lembrando que 14 dos 22 membros do governo venceram no domingo. O restante disputará o segundo turno.
As principais disputas devem centrar-se agora em Marselha e Toulouse, duas das quatro maiores cidades do país. O PS já garantiu o controle de Lyon e projeções também indicavam a reeleição do prefeito socialista Bertrand Delanoe em Paris.