Título: Governador é investigado em caso de prostituição
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Fonte: O Estado de São Paulo, 11/03/2008, Internacional, p. A13

Gravação telefônica comprova ligação de Eliot Spitzer, de Nova York, com rede de prostituição de luxo; oposição exige sua renúncia

O governador de Nova York, Eliot Spitzer, pediu ontem desculpas a sua família horas após por ter sido vinculado a uma rede de prostituição de luxo, numa denúncia divulgada pelo site do jornal The New York Times. ¿Agi de uma maneira que violou minhas obrigações com a minha família¿, afirmou o governador ao lado da mulher, Silda, com quem é casado há 21 anos e tem três filhas.

Spitzer, porém, cometeu mais do que um deslize pessoal ou familiar. Segundo o Times, o governador está sendo investigado pela Justiça por ter se envolvido com uma prostituta e deslocado a mulher entre Estados - ação que é considerada crime nos EUA. Em seu breve pronunciamento, Spitzer não comentou essa investigação, o que levou opositores a pedirem sua renúncia.

Na reportagem publicada em sua página na internet, o jornal afirma que investigações federais apontam Spitzer como cliente da Emperors Club VIP. Uma conversa telefônica gravada do governador comprova seu envolvimento com uma das prostitutas da rede. Nela, Spitzer é identificado como ¿Cliente 9¿ e confirma planos para uma das mulheres viajar de Nova York para Washington, onde ele tinha uma suíte de hotel reservada na noite de 13 de fevereiro.

O site da Emperors Club VIP na internet mostra fotos dos corpos das garotas com o rosto coberto, acompanhadas dos preços do programa por hora. Os valores dependem da classificação de cada prostituta, avaliadas em níveis de um a sete ¿diamantes¿. As garotas com sete ¿diamantes¿ chegam a cobrar US$ 5.500 por hora.

Na semana passada, procuradores prenderam quatro pessoas que tinham ligações com uma rede de prostituição de luxo. No entanto, não foi revelado se era com essa rede que Spitzer estava conectado. Procuradores federais raramente acusam clientes em casos de prostituição. No entanto, uma lei federal de 1910 relativa ao tráfico humano e imoralidade em geral qualifica como crime transportar uma pessoa entre Estados para o propósito de prostituição.

De acordo com uma fonte citada pelo jornal, o governador ficou sabendo que estava sob investigação na sexta-feira e teria informado seus assessores do caso no domingo à noite.

Antes de ser eleito governador, em 2006, Spitzer foi procurador-geral do Estado por oito anos. Durante seu mandato ficou conhecido por lutar contra o crime organizado e perseguir duas redes de prostituição, que resultou na prisão de 18 envolvidos. Os governadores nos EUA têm grande poder político por causa da autonomia que cada Estado desfruta. Spitzer, do Partido Democrata, assumiu o cargo em janeiro de 2007 prometendo reformas, mas logo envolveu-se em um conflito com líderes republicanos estaduais, que acabou freando sua agenda política.

PERDÃO, QUERIDA... Gary Hart, 1987

Ao lado da mulher, Lee, anuncia a desistência da disputa pela candidatura presidencial democrata de 1988. Hart, então senador pelo Colorado, teve de pedir desculpas públicas depois da revelação de seu relacionamento extraconjugal com a modelo Donna Rice. O escândalo fez sua popularidade despencar de 32% para 17%. Ainda durante a campanha das primárias democratas, Lee defendeu o marido publicamente, qualificando o caso dele com Donna de ¿um relacionamento inocente¿.

Bill Clinton, 1998

Hillary apresenta-se ao lado do marido durante viagem à Irlanda do Norte, dias depois de Clinton ter pedido perdão ¿à família e ao povo americano¿ por seu relacionamento com a estagiária da Casa Branca Monica Lewinsky. O fato de Clinton ter mentido sob juramento durante a investigação do caso extraconjugal levou o presidente democrata a um processo de impeachment, do qual acabou escapando. Em seu livro, `Vivendo a História¿, Hillary admitiu ter se sentido ¿humilhada¿ durante o escândalo.

Larry Craig, senador, 2007

Ao lado da mulher, Suzanne, o senador republicano pelo Idaho Larry Craig alega inocência no caso em que foi acusado de assediar sexualmente um policial disfarçado no banheiro do aeroporto de Minneapolis. Logo após o incidente, Craig tentou intimidar o policial identificando-se como senador. Ao ser levado a uma delegacia, Craig tinha se declarado culpado da acusação de ¿conduta imprópria¿. Dias depois, no entanto, recuou da declaração de culpa e passou a afirmar que não era gay.