Título: Rebelde diz que Chávez ofereceu armas às Farc
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Fonte: O Estado de São Paulo, 11/03/2008, Internacional, p. A14
Rojas adverte sobre divisão do grupo e prevê mais traições
O guerrilheiro que matou na semana passada Ivan Ríos, um dos membros da cúpula das Força Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), disse à rádio colombiana Caracol que o presidente venezuelano, Hugo Chávez, ofereceu dinheiro e armas ao grupo guerrilheiro. O rebelde Pablo Montoya, conhecido como Rojas, disse que em conversas que manteve com Ríos soube que o líder das Farc, Manuel Marulanda, estava muito contente com a promessa do presidente venezuelano.
Suas afirmações confirmam a alegação do governo colombiano de que cartas encontradas nos computadores de Raúl Reyes - o número 2 das Farc morto em uma ofensiva militar colombiana em território equatoriano no dia 1º - indicavam que Chávez tinha dado armas e US$ 300 milhões à guerrilha.
¿Isso das armas é correto, Chávez ofereceu umas armas a Marulanda. Disse que não eram muito boas, mas agüentavam uma guerra de guerrilha¿, disse Rojas, que se entregou ao Exército da Colômbia quinta-feira, após ter assassinado Ríos. Ele assinalou que Marulanda pode estar escondido em Yarí, no sul da Venezuela. Referindo-se à ex-candidata presidencial Ingrid Betancourt, refém das Farc desde 2002, Rojas disse que ¿por nenhum motivo ela será libertada¿.
Em outra entrevista, publicada pelo jornal El Tiempo, o rebelde disse que o chefe militar das Farc Jorge Briceño Suárez, conhecido como Mono Jojoy, morrerá traído por seus subalternos. ¿Sei o que estou dizendo... estou por dentro dessa rede¿, afirmou. Ele acrescentou que a história das Farc foi mudada com a morte de Ríos e de Reyes e o grupo está dividido, com líderes desconfiando de subalternos e vice-versa. Rojas também afirmou que as Farc ¿estão infiltradas¿ por inimigos. ¿Creio que haverá mais golpes de dentro para fora do que de fora para dentro¿, disse Rojas, ao advertir sobre o nível de infiltração.
O rebelde disse que espera receber a recompensa de US$ 2,5 milhões oferecida pelo Ministério da Defesa por informações que levem a líderes das Farc. Juristas e advogados debatem se a recompensa deve ser paga e se Rojas deve ser julgado por homicídio. O conselheiro governamental Frank Pearl disse esperar que ocorra o pagamento.
Uma missão da Organização dos Estados Americanos (OEA), liderada pelo secretário-geral, José Miguel Insulza, inspecionou ontem a área bombardeada pela Colômbia no dia 1º na localidade equatoriana de Angostura e recolheu evidências e declarações sobre a incursão, que levou a uma crise diplomática. Insulza considerou difícil que seja enviada uma força internacional à fronteira entre Colômbia e Equador: ¿É muito difícil controlar uma fronteira como esta. Também é difícil que países que não são da região contribuam com muitas forças militares.¿ A missão fará um relatório para a reunião de chanceleres da OEA no dia 17.
Ainda ontem, a senadora opositora Piedad Córdoba disse que o fato de as Farc terem entregado à Venezuela provas de vida de dez reféns indicam que estão dispostas a libertar mais seqüestrados.