Título: Petróleo sobe mais e tem novo recorde: US$ 107,90
Autor: Pamplona, Nicola
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/03/2008, Economia, p. B5

Desvalorização do dólar em relação a outras moedas favorece as altas

Os contratos futuros de petróleo voltaram a fechar ontem em nível recorde na New York Mercantile Exchange (Nymex) e na Intercontinental Exchange (ICE, de Londres).

Na Nymex, os contratos de petróleo bruto para abril fecharam nos US$ 107,90 por barril, em alta de US$ 2,75 (2,62%). A mínima foi de US$ 104,08 e a máxima, de US$ 108,21. Na ICE, os contratos do petróleo Brent também para abril fecharam em US$ 104,16 por barril, em alta de US$ 1,78 (1,74%), com mínima de US$ 101,20 e máxima de US$ 104,42.

Nas últimas semanas, o preço do combustível tem subido em reação à acentuada queda do dólar ante o euro, o que torna as commodities (cujos preços são fixados em dólar) mais atraentes para os investidores. A forte desaceleração do mercado de trabalho nos EUA em fevereiro aumentou a impressão de que o Federal Reserve (Fed) cortará ainda mais a taxa de juros para estimular a economia e o emprego. O Fed reduziu os juros em 2,25 pontos porcentuais desde setembro. Hoje, a taxa está em 3%. Esses cortes na taxa causaram a desvalorização do dólar ante o euro e outras divisas ao reduzir os retornos obtidos pelos investidores estrangeiros com ativos em dólares.

Em nota para investidores, o analista da Alaron Trading, Phil Flynn, indicou que a relação entre o enfraquecimento do dólar e o encarecimento do petróleo está criando uma bolha que em algum momento vai estourar. A alta de ontem ocorreu mesmo com o alívio da tensão dos últimos dias entre Colômbia, Equador e Venezuela - todos produtores de petróleo e os dois últimos membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).

NO BRASIL

O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, afirmou ontem que o governo pretende segurar ¿por mais um tempo¿ o preço dos combustíveis, mesmo que as cotações internacionais do petróleo se mantenham acima dos US$ 100 há duas semanas.

¿Nós estamos segurando desde 2005, haveremos de conseguir segurar por mais algum tempo¿, disse Lobão, referindo-se à data dos últimos reajustes promovidos pela Petrobrás nos preços da gasolina e do diesel.

Lobão disse que a política de preços da estatal está alinhada à do governo federal. ¿Tudo que o governo puder fazer para não impactar o bolso do consumidor, ele o fará¿, afirmou.

Na semana passada, analistas de mercado ampliaram a pressão para que a estatal ajuste os preços. Segundo a corretora Brascan, a defasagem se situa entre os 15% e 20%, o que justificaria um aumento em torno dos 8%.