Título: Cinco empresas apresentam documentos para leilão da Cesp
Autor: Pereira, Renée
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/03/2008, Economia, p. B6

Tractebel/Suez, Neoenergia, Energias do Brasil, CPFL e Alcoa cumpriram cronograma do governo do Estado

Cinco companhias apresentaram ontem os documentos exigidos pelo governo do Estado para a pré-identificação ao leilão da Companhia Energética de São Paulo (Cesp), no dia 26. São elas: a franco-belga Tractebel/Suez; a espanhola Neoenergia; a portuguesa Energias do Brasil; a brasileira CPFL; e a americana Alcoa.

Empresas como Duke Energy, Vale, Furnas, Cemig, Copel e Light, que haviam manifestado interesse anteriormente pela estatal paulista, não apresentaram documentação. Durante o dia vários rumores surgiram no mercado e incluíam a Light e o escritório de advocacia Pinheiro Neto na lista de companhias que haviam entregue os documentos na Câmara Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC), da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Mas a informação não foi confirmada. Procurada, a Light afirmou apenas que não vai se pronunciar sobre o assunto, e o escritório de advocacia não retornou.

A Cemig, uma das companhias mais indignadas com a proibição de estatais estaduais no leilão, não apresentou a documentação, mas não desistiu de participar da disputa. A companhia declarou que poderá entrar em um consórcio para comprar a Cesp, possibilidade descartada pelo secretário-adjunto da Fazenda de São Paulo, George Tormin, em recente entrevista ao Estado.

A estatal paranaense, Copel, e a federal, Furnas, descartaram a participação no leilão. Segundo a empresa administrada pelo governo do Paraná, pesaram na decisão fatores como a falta de definição quanto à prorrogação do prazo de concessão de usinas, como Ilha Solteira e Jupiá, que expiram em 2015, e detalhes do passivo da empresa que não puderam ser criteriosamente estudados. ¿Tais incertezas não nos permitem ter a segurança necessária para um investimento desse vulto¿, avaliou o presidente da Copel, Rubens Ghilardi.

A mesma explicação foi dada por Furnas, no início da tarde de ontem, e confirmada mais tarde pelo ministro de Minas e Energia, Edison Lobão. Ele afirmou que nenhuma empresa do grupo Eletrobrás participará do leilão da Cesp. ¿Estamos interessados apenas em energia nova¿, afirmou o ministro, em discurso durante a solenidade de posse de José Antônio Muniz Lopes na presidência da Eletrobrás. Segundo Lobão, a compra de empresas já em operação não faz parte da estratégia desenhada para o grupo.

As companhias que apresentaram documentação também mantiveram a cautela no discurso. A Alcoa, por exemplo, destacou que a pré-identificação apenas revela a intenção da companhia de continuar a participar do processo e não representa um firme compromisso de participação. Isso dependerá de decisão a ser tomada em fase mais adiantada do processo. Além disso, não descartou a possibilidade de fazer alguma parceria com outras empresas públicas ou privadas para a compra.

O diretor-presidente da Energias do Brasil, António Pita de Abreu, também disse que vê uma série de dúvidas no negócio, que dificultam uma análise precisa sobre o retorno que a Cesp dará aos futuros compradores. A principal delas é a renovação das concessões.

A pré-identificação das cinco empresas para o leilão não significa que elas participarão da disputa separadamente. É mais provável que as companhias se unam e formem consórcios para comprar a Cesp. Isso porque só o preço mínimo referente à parte do governo estadual é de R$ 6,6 bilhões. Se for incluída a participação dos acionistas minoritários, o valor pode chegar a R$ 15 bilhões. O diretor-financeiro e de Relações com Investidores da Tractebel, Marc Verstraete, afirmou que a companhia já decidiu participar do leilão com parceiros, como forma de mitigar o risco da renovação das concessões.

INTERESSADAS

Tractebel: É controlada pela franco-belga Suez. Tem seis hidrelétricas, três térmicas e um complexo termoelétrico formado por três unidades, com capacidade de 5.918 MW. Tem ainda duas hidrelétricas em construção, cuja potência é de 1.328 MW

Neoenergia: É controlada pela espanhola Iberdrola. Tem uma hidrelétrica e uma termoelétrica, com potência de 970 MW. Tem uma série de outros projetos térmicos e hidrelétricos em construção com outros grupos do setor. A empresa tem ainda três distribuidoras, uma transmissora de energia e uma comercializadora

CPFL: O grupo CPFL controla três distribuidoras de energia e tem 21 usinas, cuja capacidade é de 1.501 MW. Tem outras quatro unidades em construção

Energias do Brasil: É controlada pelo grupo EDP - Energias de Portugal. Tem 17 usinas, com capacidade instalada de cerca de 900 MW. Detém o controle de duas distribuidoras e de uma comercializadora de energia elétrica

Alcoa: A empresa tem participação em duas hidrelétricas em operação e em duas em construção. Hoje a companhia americana é auto-suficiente em 38% do volume de energia consumido. Os novos empreendimentos devem elevar consideravelmente esse porcentual