Título: Cai o número de exportadoras de pequeno porte
Autor: Sobral, Isabel
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/03/2008, Negócios, p. B16
Participação das micro e pequenas na exportação total do País sai de 2,13%, em 1998, para 1,4% em 2006
O real valorizado, as dificuldades de acesso ao mercado internacional e o aquecimento do mercado interno vêm reduzindo as exportações das micro e pequenas empresas. Um estudo divulgado ontem pelo Sebrae - ¿As micro e pequenas empresas na exportação brasileira - 1998 a 2006¿ - revelou que o número de firmas desse porte que vendem para o exterior caiu 4% em 2006. Foram 12.998, ante 13.538 em 2005. Também caiu de 2,13%, em 1998, para 1,4% em 2006, a participação dos pequenos negócios no valor das exportações do País.
Na tentativa de elevar, ou pelo menos estabilizar, o total de empresas ativas no exterior, o Sebrae lançará em abril um programa de internacionalização das pequenas empresas. ¿O apoio principal será dado no acesso dos empresários às informações necessárias¿, afirmou o presidente do Sebrae, Paulo Okamotto. Os detalhes do programa ainda estão sendo definidos, mas o foco será aumentar a integração de ações do Sebrae, Agência de Promoção de Exportações (Apex), Banco do Brasil, BNDES e dos ministérios do Desenvolvimento e de Relações Exteriores.
O estudo foi encomendado pelo Sebrae à Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex), que, além, de usar dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), ouviu micro e pequenos empresários sobre as dificuldades de se exportar. As principais queixas foram a taxa de câmbio, a falta de mão-de-obra qualificada para cuidar de exportações e dificuldades de acesso a mercados.
O economista da Funcex Fernando Ribeiro disse que a melhora na renda nos últimos anos, que ajudou a aumentar o consumo, tornou o mercado interno mais atraente para essas empresas. Segundo ele, uma forma de o segmento deixar de ser refém da competição de preços e da taxa cambial é investir em tecnologia e inovação para agregar valor aos produtos.
¿Os pequenos têm maior dificuldade com o câmbio valorizado porque, diferentemente das grandes e médias companhias, não conseguem se aproveitar dele para importar insumos mais baratos e reduzir custos de produção¿, afirmou. O estudo também mostrou que é pequeno o número de empresas que exportam continuamente. Somente 31,8% das que venderam para o exterior em 2006 também exportaram em anos anteriores.
A coordenadora do estudo, Magaly Albuquerque, informou que, entre 1999 e 2001, o número de pequenas empresas estreantes no mercado externo foi de 4.750, e o número de desistentes, nesse período, foi de 3.920, o que deixou um saldo positivo de 830. Já entre 2002 e 2006, o número de estreantes foi 3.830, ante 4.700 desistentes. ¿O saldo aí se inverteu para negativo em 870¿, observou.
As micro e pequenas empresas exportadoras se concentram nas regiões Sul e Sudeste, onde estão quase 95% delas. O Estado de São Paulo reúne 47% das micro e pequenas empresas que exportam, seguido do Rio Grande do Sul (16,2%) e Minas Gerais (8,6%).
Enquanto caiu a quantidade de exportadoras, aumentou o valor médio exportado pelas micro e pequenas empresas. Entre 2005 e 2006, o aumento no valor médio vendido ao exterior foi de 5,8% entre as microempresas e de 11,3% entre as pequenas.
Para Carlos Alberto dos Santos, diretor de Administração e Finanças do Sebrae, isso mostra uma mudança estrutural no perfil das pequenas empresas exportadoras. ¿Estão sendo mais competitivas aquelas mais intensivas em tecnologia e inovação e menos competitivas aquelas intensivas em mão-de-obra¿, comentou. Produtos manufaturados são os principais produtos de exportação. Os principais mercados são União Européia, Estados Unidos e Mercosul.