Título: Agentes estão infiltrados nos morros há dois meses
Autor: Rodrigues, Alexandre
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/03/2008, Nacional, p. A4

Para fazer a complicada segurança da visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva às favelas da Rocinha, Manguinhos e Complexo do Alemão, a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) infiltrou nos morros, há pelo menos dois meses, dezenas de agentes disfarçados de carteiros, entregadores de gás e vendedores ambulantes.

Além da Abin, das Forças Armadas, homens da Força Nacional e das Polícias Militar e Civil do Rio, Federal e Rodoviária Federal, tudo sob coordenação do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), o planejamento do esquema da segurança presidencial envolveu também a mobilização das entidades sociais, muitas delas ligadas ao PT e que fazem trabalho de base nas comunidades dos morros do Rio. Algumas dessas lideranças teriam servido de ponte para negociar com traficantes, que vão sair de circulação enquanto o presidente estiver cumprindo a agenda oficial de visita às favelas. O Planalto não se envolveu nessas negociações, mas avalizou a estratégia.

Especialistas da Abin percorreram toda a região envolvida direta ou indiretamente no trajeto da visita e fizeram, dois meses atrás, reunião especial. Segundo uma fonte do Planalto, os riscos foram detalhadamente avaliados com o uso de vídeos e croquis eletrônicos, mostrando o ambiente envolvendo o presidente e toda a comitiva de ministros e convidados. Os riscos listados e a conter vão desde atentados a assaltos individuais, ou simples manifestações de força dos grupos criminosos que dominam as favelas.

Foram organizadas quatro equipes de segurança. Três para os locais visitados e uma para acompanhar os deslocamentos de um morro a outro, fora a segurança fixa de áreas de acesso aos locais visitados. Quase todos os 77 homens do topo da pirâmide de segurança pessoal de Lula viajaram para o Rio. Haverá atiradores de elite e espiões com binóculos. Por segurança, o GSI não revela o total do efetivo mobilizado.