Título: Lula não dá atenção à comissão, diz Marcílio
Autor: Lopes, Eugênia; Leal, Luciana Nunes
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/03/2008, Nacional, p. A7

Depois do embate com o presidente do PDT e ministro do Trabalho, Carlos Luppi, que o levou a deixar a presidência da Comissão de Ética Pública, o ex-ministro da Fazenda Marcílio Marques Moreira reafirmou ontem ao Estado que havia um conflito de interesses no exercício das duas funções. Marcílio, que se disse aliviado de deixar a presidência da comissão, criticou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva por não dar a devida atenção à comissão. ¿Seria uma política pública importante para o País e para o governo se a comissão recebesse mais apoio¿, comentou, queixando-se do fato de o órgão ter ficado um ano com apenas quatro de seus sete membros¿.

Marcílio contou que os integrantes da comissão ficaram ¿surpresos com a reação e os ataques¿ do ministro, lembrando que ele chegou a questionar qual a motivação seus integrantes teriam para questioná-lo. ¿A motivação é o conflito de interesses que está claro¿, insistiu Marcílio.

¿Há uma zona cinzenta de atos que podem ser legais, mas não são éticos no sentido de não contribuir para aumentar a confiança e o respeito da população em relação ao governo¿, comentou. ¿Ser presidente de um partido ocupa a pessoa não só no tempo, mas ocupa a cabeça. Você fica preocupado em saber o que está acontecendo no partido, se o partido está bem.¿ E explicou que os interesses dos dois lados são conflitantes.

¿Quando se fala que o conflito de interesses suscita dúvidas é porque o cidadão fica sem saber se aquela autoridade decidiu uma coisa por ser autoridade pública ou por ter outro interesse, mesmo que seja legítimo, mas que não é o interesse do governo, ou do bem comum, de todos¿, justificou Marcílio.