Título: Chávez considera justo o petróleo custar US$ 100
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Fonte: O Estado de São Paulo, 23/02/2008, Economia, p. B13

Presidente venezuelano diz que fará tudo para manter preço em alta e culpa a desvalorização do dólar

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, classificou de justo o preço de US$ 100 para o barril de petróleo. Ontem, em discurso transmitido pela televisão, Chávez prometeu usar todos os meios possíveis para continuar forçando a alta dos preços do combustível, por meio da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).

¿Nós vamos fazer tudo o que for necessário na Opep para continuar fortalecendo o preço do nosso petróleo¿, disse ele, destacando a perda de valor do dólar norte-americano como um dos fatores responsáveis pela alta nas cotações do combustível.

A Venezuela, um dos países fundadores da Opep e o quarto maior fornecedor de petróleo para os Estados Unidos, é um dos principais defensores de que os preços dentro da organização sejam mantidos em alta.

O ministro de Petróleo e Energia do país, Rafael Ramirez, disse recentemente que a Venezuela poderia até defender a redução da produção durante uma reunião do cartel em Viena, na próxima semana.

Sobre a redução nos preços, Chávez admitiu a possibilidade de ocorrerem ajustes, mas descartou mudanças significativas. O preço do barril de petróleo exportado pela Venezuela fechou a semana com uma cotação média de US$ 90,13, ante US$ 86,29 da semana passada.

Segundo o Ministério de Energia e Petróleo da Venezuela, os números representam um novo recorde nacional. Em 1999, ano em que Chávez foi eleito presidente, o petróleo venezuelano chegou a ser vendido por menos de US$ 10.

As receitas obtidas com a venda do combustível, segundo Chávez, continuarão a ser usadas para financiar programas sociais. Ele ordenou a seu gabinete que destine um dólar ao setor da saúde para cada barril produzido na Venezuela. Com essa medida, segundo ele, o setor contará com um aporte adicional de US$ 1,09 bilhão, caso a produção diária seja de 3 milhões de barris.

Chávez também confirmou a criação de um fundo estratégico binacional com a China, no valor de US$ 6 bilhões. Os recursos, a maior parte com origem nos cofres de Pequim, serão investidos em projetos de infra-estrutura na Venezuela. Segundo o presidente venezuelano, o acordo será renovado a cada três anos.

A Venezuela tem como prioridade incrementar o intercâmbio comercial com a China. Até 2012, o objetivo é aumentar as vendas diárias de petróleo para o país asiático, hoje de 350 mil barris, para 1 milhão de barris.

EXXON MOBIL

Rafael Ramírez que, além de ministro de Energia, preside a estatal PDVSA, exigiu ontem que ¿deixem o país¿ as empresas petrolíferas estrangeiras ¿que não estiverem dispostas a aceitar¿ a soberanoa do território.

¿É o imperialismo e suas empresas os que agridem nossa soberania¿, disse, em alusão à americana Exxon Mobil, que voltou a ser criticada em discurso a trabalhadores do setor petrolífero. Estes, por sua vez, protestaram contra a multinacional em uma manifestação na região noroeste da Venezuela.

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