Título: Preço da eletricidade ainda sobe no atacado
Autor: Barbosa , Alaor
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/02/2008, Economia, p. B13
Apesar da melhora, nível dos reservatórios ainda não garante abastecimento por 2 anos
A recuperação dos reservatórios das hidrelétricas nas últimas semanas não foi suficiente para garantir a normalidade na oferta de energia para os próximos dois anos. Um sinal dessa situação é o aumento verificado nos preços no mercado atacadista.
Segundo a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), os preços subiram para R$ 216,94 por MWh nas regiões Sudeste/Centro-Oeste, Sul e Norte para os negócios a serem concretizados na próxima semana, com acréscimo de 32,7% em relação ao preço atual. No Nordeste, a alta foi de 37%, com o MWh subindo para R$ 247,02 (elevação de 37%).
Trata-se do nível de preços mais elevado para essa época do ano desde o fim do racionamento de energia elétrica de 2002. No ano passado, o MWh nos quatro submercados estava em R$ 17,59 no fim de fevereiro, já que havia sobra de água nos reservatórios. Em 2006, o preço de referência no Sudeste era de R$ 38,93, de R$ 43,36 no Sul, de R$ 40 no Norte e de apenas R$ 16,92 no Nordeste nessa mesma época do ano.
Os preços no atacado refletem a falta de chuvas nos últimos dias, embora as perspectivas sejam favoráveis para a próxima semana. O armazenamento nas usinas do Sudeste subiu para 61,9% da capacidade, com alta de 11,1 pontos porcentuais em relação ao fim de janeiro. Esse nível, porém, representa uma folga de apenas 1,7 ponto em relação aos níveis de segurança.
No Nordeste, os reservatórios estão em 44,7% da capacidade de armazenamento, com folga de 26 pontos percentuais e com recuperação de 14 pontos no mês. A previsão é que as chuvas sejam intensas na região central do País, onde estão as maiores hidrelétricas, o que poderá permitir maior acumulação de água e energia.
Além das chuvas, outro fator que preocupa o setor é o possível corte no fornecimento de gás natural por parte da Bolívia, que usaria o combustível para abastecer a Argentina. A questão é discutida em Buenos Aires pelos presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, da Argentina, Cristina Kirchner, e da Bolívia, Evo Morales.
¿Os resultados dessa reunião podem causar impactos relevantes no mercado de energia elétrica no Brasil. Com o nível atual dos reservatórios, qualquer molécula de gás natural agora é importante para as térmicas brasileiras¿, alertou o diretor da Comerc, Marcelo Parodi, especializado no mercado livre de energia. ¿Não se deve aceitar nenhuma redução de oferta do gás natural.¿
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