Título: Lucro da Caixa cresce 5% e chega a R$ 2,5 bilhões
Autor: Nakagawa, Fernando
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/02/2008, Economia, p. B16

Resultado é bem menor que o de concorrentes privados, como Bradesco e Itaú, que lucraram mais de R$ 8 bi

A Caixa Econômica Federal anunciou ontem que teve lucro líquido de R$ 2,510 bilhões em 2007. O resultado é 5,2% maior que o de 2006, mas inferior aos dos concorrentes privados, como Bradesco e Itaú, que ganharam mais de R$ 8 bilhões no ano passado. A Caixa foi beneficiada pelo uso de créditos tributários, que responderam por 42,8% do lucro anual. Sem o crédito, o resultado teria sido 39,8% menor que o do ano anterior e o banco teria amargado prejuízo no quarto trimestre.

O que ajudou a Caixa foi uma regra que, desde 2006, permite o uso de créditos tributários gerados pela própria instituição em caso de prejuízo nos últimos 10 anos. Antes, o uso do era limitado a cinco anos.

Com isso, o banco teve direito a crédito extraordinário de R$ 1,4 bilhão no quarto trimestre e lucro líquido atingiu R$ 732 milhões no período. Sem esse extra, a Caixa teria prejuízo de R$ 566 milhões no trimestre. A chamada ¿ativação de créditos¿ também favoreceu o lucro líquido anual, que, sem ela, teria sido de R$ 1,435 bilhão, 39,8% menor que o de 2006.

O vice-presidente de Controle e Risco do banco, Marcos Vasconcelos, negou que a Caixa tenha apresentado resultados melhores em 2007 graças, apenas, ao uso desses créditos. ¿É um instrumento previsto pelo Banco Central que nos deu maior capacidade de atuação.¿

RETORNO MENOR

Mas os números mostram que o desempenho da Caixa piorou em diversos indicadores. O retorno sobre o patrimônio líquido recuou de 26% em 2006 para 23,7% em 2007. O resultado com intermediação financeira caiu 18,75%, para R$ 9,025 bilhões. Essa queda foi causada pelo prejuízo de R$ 1,6 bilhão com títulos públicos federais que o banco teve, principalmente, no quarto trimestre.

A perda, segundo o banco, ocorreu como efeito da piora do mercado no fim do ano, quando a crise nos Estados Unidos se agravou, provocando alta dos juros. Com isso, caiu o preço dos papéis da dívida que estão na carteira do banco, majoritariamente prefixados e contabilizados pela regra de ¿marcação a mercado¿, ou seja, pelo valor do dia.

Após o efeito negativo, a Caixa anunciou que os títulos passaram a ser registrados conforme o valor de face (o preço na emissão). Uma parcela desses papéis foi entregue à Caixa como parte de programas de reestruturação de créditos imobiliários que a instituição absorveu no início da década de operações do extinto Banco Nacional da Habitação (BNH).

Para o vice-presidente de Finanças da Caixa, Marcio Percival, esse quadro negativo teve reflexos mais pronunciados no balanço da Caixa, se comparados aos demais bancos, porque a instituição tem, proporcionalmente, mais títulos públicos em carteira. Segundo ele, cerca de 10% de todos os papéis da dívida federal estão na Caixa.

Com relação ao crédito, o total de empréstimos cresceu 22,3% em 2007, para R$ 55,888 bilhões. Destaque para o financiamento habitacional, que teve expansão de 24,4%. Para 2008, a Caixa acredita que a carteira deve crescer ao menos 30%.

Não é o primeiro balanço da Caixa que suscita dúvidas. No balanço do terceiro trimestre do ano passado a instituição anunciou uma queda de 89% do lucro, em relação a igual período de 2006. A queda foi explicada como resultado de um aumento de provisões para perdas em empréstimos destinados a pequenas empresas.

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