Título: Dilma pede que BID financie projetos de infra-estrutura
Autor: Otta , Lu Aiko
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/03/2008, Economia, p. B9

Estudos dariam largada a novos portos e concessões de rodovias federais

Lu Aiko Otta

A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, quer que o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) financie estudos técnicos e elaboração de projetos para novas obras de infra-estrutura. Ela fez o pedido ao presidente do banco, Luis Alberto Moreno, que esteve no Planalto há cerca de dez dias.

Os estudos dariam a largada à abertura de novos portos e expansão dos que já existem. Também há planos de novas concessões em rodovias, no rastro da bem-sucedida experiência do ano passado, quando foram entregues à iniciativa privada trechos importantes de estradas federais, como a Fernão Dias e a Régis Bittencourt.

Dilma já prometeu a várias platéias de empresários que, até 2010, estará pronto um banco de projetos a serem executados pelo governo federal.

A ministra-chefe não se cansa de dizer que uma das dificuldades para deslanchar o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) é a falta de projetos. É nessa área que ela quer a ajuda do BID.

O governo brasileiro quer também que o banco amplie os financiamentos que vem concedendo à iniciativa privada. 'O banco tem feito empréstimos, mas esse ainda não é um foco importante', disse ao Estado o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo.

No momento, há um total de US$ 3,9 bilhões em projetos de empresas em andamento ou em análise no BID. A demanda é grande, mas o banco tem um limite para emprestar à iniciativa privada. São cerca de US$ 10 bilhões, equivalentes a 10% de sua carteira de projetos. 'Esse limite vai acabar logo', comentou o ministro.

Por isso, na reunião com Moreno, ele reprisou a questão. O pedido para a ampliação dos recursos será repetido durante a reunião anual do BID, em Miami, entre os dias 4 e 8 de abril.

Dilma sugeriu a Moreno, também, que o banco atue como parceiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no financiamento a projetos de integração física na América Latina.

O presidente do BID havia ouvido o mesmo pedido, em outra reunião, com o secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores, Samuel Pinheiro Guimarães. Obras que interliguem os países da América do Sul são prioridade da política externa brasileira.

NOVO MODELO

A idéia é que o BID e o BNDES atuem num sistema chamado cross-default. Ele prevê que um eventual 'calote' em um dos bancos seja entendido como falta de pagamento a ambos. O modelo aumenta a segurança dos financiamentos, pois historicamente os países latino-americanos são bons pagadores do BID.

Com o risco menor, o custo do dinheiro captado por ambos os bancos para repassar aos governos da região fica mais barato e abundante.

A parceria com o BNDES tem sido bem-sucedida. Uma das linhas de financiamento mais eficientes do BID é a voltada às micro e pequenas empresas brasileiras, operadas pelo banco de fomento brasileiro. São US$ 3 bilhões, a serem repassados em três parcelas anuais de US$ 1 bilhão.

Na assembléia do BID, Bernardo pretende insistir em outra sugestão brasileira: o financiamento em moeda local. Seria uma opção para os mutuários que não querem correr o risco das oscilações cambiais. 'Isso não é um problema hoje, mas os contratos são de longo prazo', comentou Bernardo.

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