Título: Marta confirma a Suplicy que vai disputar eleição
Autor: Rosa, Vera
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/03/2008, Nacional, p. A11

Ex-marido procurou ministra porque cogitava lançar seu nome para concorrer à Prefeitura de São Paulo

Depois de muito suspense, a ministra do Turismo, Marta Suplicy, confirmou ao senador Eduardo Suplicy (PT-SP), seu ex-marido, o que o PT tenta esconder dos adversários: será candidata à Prefeitura de São Paulo e só aguarda o sinal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o melhor momento para deixar o cargo. A conversa entre os dois ocorreu no dia 26, no Ministério do Turismo. Suplicy tomou a iniciativa de procurar Marta porque chegou a planejar pôr seu nome à disposição do partido para a sucessão do prefeito Gilberto Kassab. O ¿sim¿ de Marta, porém, mudou sua estratégia.

Com a idéia fixa de instituir na cidade, no Brasil e no mundo a renda básica de cidadania, Suplicy agora quer ser candidato à Presidência em 2010. A curiosidade é que, embora tenha desistido facilmente da prefeitura, sob o argumento de que não enfrentará Marta numa prévia, não descarta a hipótese mais à frente. ¿Eu posso vir a ser candidato a presidente e tenho convicção de que Marta também considera essa possibilidade¿, admitiu Suplicy.

Indagado se disputaria uma prévia contra sua ex-mulher, o senador mediu bem as palavras. Depois de um minuto divagando com seus botões, no café do Senado, respondeu: ¿Para a prefeitura, com certeza não. Para a Presidência, nada impede. Depende da voz do povo.¿ Suplicy contou que só decidiu procurar Marta depois de receber ¿apelos¿ de vários petistas, muitos deles professores da Universidade de São Paulo (USP), para entrar no páreo e enfrentar Geraldo Alckmin, provável candidato pelo PSDB. ¿Marta agradeceu a minha visita e disse que vai ouvir o presidente Lula a respeito de qual o melhor momento para sair, já que, pela lei, pode se desincompatibilizar até o dia 5 de junho¿, afirmou.

A conversa com a ex-mulher, com quem foi casado por 36 anos e tem três filhos, também girou sobre a renda básica de cidadania, obsessão do senador há mais de uma década. Depois da peregrinação para apresentar a proposta no Iraque, em janeiro, Suplicy viajou ontem para Boston, onde participará de um congresso sobre o assunto. No domingo, vai se reunir com o filósofo Phillippe Van Parijs, conhecido defensor da renda mínima, e Amartya Sen, prêmio Nobel de Economia de 1998.

¿Eu disse a Marta que, a partir de agora, quero estimular todos os candidatos a prefeito a instalar a renda básica de cidadania¿, comentou. Sem esconder a mágoa por não ter conseguido ver a proposta virar realidade no Brasil, foi taxativo: ¿Se o presidente quiser adotá-la, sabe que pode contar comigo.¿ Suplicy despertou a ira de Lula ao insistir em disputar com ele uma prévia, em 2002, para a escolha do candidato do PT à Presidência.

Empolgado com a viagem a Boston e a possibilidade de se avistar com Samantha Power, mentora do programa de Barack Obama, o senador só deixou no Brasil uma frustração: não conseguiu nem mesmo cumprimentar Bob Dylan. ¿Ele tem por norma não conversar com ninguém antes do show¿, explicou. Para matar a saudade, porém, Suplicy promete cantar Blowing in the wind. Em Boston.