Título: ETA mata político antes de eleições
Autor: Anna, Lourival Sant
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/03/2008, Internacional, p. A29
Governo e oposição prometem `resposta firme e unitária¿ a atentado contra ex-vereador no País Basco
Lourival Sant¿Anna
Às vésperas das eleições gerais de amanhã na Espanha, o grupo separatista Pátria Basca e Liberdade (ETA) trouxe ontem o terrorismo de volta ao centro do debate político, matando o ex-vereador socialista Isaías Carrasco em Mondragón, no País Basco. O primeiro-ministro socialista, José Luis Rodríguez Zapatero, e o líder da oposição, Mariano Rajoy, do direitista Partido Popular (PP), uniram-se para condenar o atentado, numa reunião de todas as forças políticas no Congresso.
Depois de uma conversa por telefone entre Zapatero e Rajoy, o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) e o PP cancelaram seus comícios de encerramento de campanha, previstos para ontem em Madri e noutras cidades. Depois, foi divulgado um comunicado, assinado por todas as bancadas parlamentares e pelos sindicatos dos trabalhadores e patronal, no qual eles se dizem ¿dispostos a responder a essa agressão de forma firme e unitária¿.
A união, no entanto, não durou muito. O secretário de Justiça e Liberdades Públicas do PP, Ignacio Astarloa, lamentou que o comunicado não incluísse um compromisso de não negociar com a ETA e a revogação de uma resolução de maio de 2005, que autoriza o governo a dialogar com o grupo desde que ele não esteja cometendo atos violentos. Durante a campanha, Rajoy criticou duramente Zapatero por ter aberto um canal de negociação com a ETA.
Há quatro anos, as eleições gerais também ocorreram sob a sombra de um atentado. No dia 11 de março de 2004, três dias antes do pleito, quatro bombas colocadas em trens na periferia de Madri mataram 192 pessoas. O governo do PP, que liderava as pesquisas, atribuiu o atentado à ETA. Praticamente no dia da eleição, no entanto, ficou claro que se tratava da Al-Qaeda. O então premiê José María Aznar foi acusado de manipulação para tentar prejudicar o PSOE, mais propenso ao diálogo com a ETA, e saiu derrotado. Desta vez, as pesquisas indicam vitória do PSOE por 5 pontos de vantagem sobre o PP.
Carrasco foi morto com pelo menos cinco tiros. O autor dos disparos e um comparsa fugiram de carro. Zapatero prometeu ¿perseguir, com todos os instrumentos do Estado de Direito, os terroristas e os que lhes dão apoio¿.
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