Título: Mantega negocia medidas para desonerar investimentos
Autor: Veríssimo, Renata; Fernandes, Adriana
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/02/2008, Economia, p. B3

Presidente da Abdib diz que discussão entre governo e empresários é paralela à da reforma tributária

Discretamente, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, começou a negociar com o setor de infra-estrutura novas medidas para desonerar investimentos e tornar mais eficiente a cobrança de tributos para as empresas. Enquanto o ministro recebia ontem líderes da oposição para apresentar a reforma tributária, membros de sua equipe se reuniram com o presidente da Associação Brasileira de Infra-Estrutura e Indústrias de Base (Abdib), Paulo Godoy.

'Estamos trabalhando numa agenda de microrreformas', disse Godoy. Segundo ele, a estrutura tributária contém ineficiências que podem ser corrigidas com medidas de caráter infraconstitucional. 'É uma discussão paralela à reforma tributária.' Ele disse que já conversou com Mantega sobre essa agenda, mas evitou antecipar o conteúdo das propostas.

'O foco dessa agenda é criar condições melhores para as empresas trabalharem e competirem.' Ele ponderou que a maneira de fazer negócio mudou nos últimos anos e é preciso retirar entraves que levam às 'ineficiências' tributárias.

O presidente da Abdib é um dos convidados para a reunião que o presidente Lula terá hoje com empresários para apresentar a proposta de reforma tributária. Para ele, o governo precisa ser mais 'agressivo' na desoneração do capital produtivo.

'Essas medidas não se esgotam. Há espaço para fazer mais', disse. Outros setores, segundo ele, estariam negociando desonerações. 'Ainda é possível ter novas desonerações na política industrial', disse.

O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), confirmou que projetos de redução da carga tributária devem tramitar em paralelo à proposta de reforma tributária. Entre esses projetos estão a desoneração da folha de pagamento das empresas e a redução do Imposto de Renda Pessoa Física para a classe média. Segundo ele, a proposta de emenda constitucional de reforma tributária não terá impacto na carga tributária.

Para Godoy, seria um 'tiro no pé' do governo e dos trabalhadores não encaminhar ao Congresso a proposta que desonera a folha de pagamento das empresas da contribuição patronal para o INSS. 'Nós apoiamos qualquer medida que aumente a renda, os salários, diminua os custos e aumente a produtividade', afirmou.

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