Título: Juros bancários disparam, e BC põe a culpa no IOF
Autor: Lu Aiko Otta
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/02/2008, Economia, p. B4

Taxa média para pessoas físicas subiu de 43,9% para 48,8% em janeiro; para empresas, de 22,9% para 24,7%

As taxas de juros dos empréstimos dispararam em janeiro, impulsionadas pela crise internacional e pelo aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), entre outros fatores. Segundo dados divulgados ontem pelo Banco Central, a taxa média para pessoas físicas saltou de 43,9% ao ano em dezembro para 48,8% em janeiro, um aumento de 4,9 pontos porcentuais. Os financiamentos às empresas ficaram em média 1,8 ponto porcentual mais caros, de 22,9% para 24,7% ao ano.

O movimento de alta continua em fevereiro, segundo dados apurados até o dia 14. Na média, as taxas para pessoas físicas já subiram 1,8 ponto porcentual e, para as pessoas jurídicas, 0,6 ponto porcentual.

Mesmo mais caros, os empréstimos não pararam de crescer. Em janeiro, o crédito concedido chegou a R$ 529,3 bilhões, 1% mais do que em dezembro e 28,5% mais em 12 meses. Os financiamentos à pessoa física cresceram 2,5%, atingindo R$ 246,5 bilhões, enquanto para as pessoas jurídicas houve ligeira retração, de 0,3%. O volume total do crédito chegou a 34,8% do Produto Interno Bruto (PIB).

Apesar de mais endividadas, as pessoas estão pagando os empréstimos. A taxa média de inadimplência das pessoas físicas ficou em 7,1% e a das jurídicas, em 2%. Nos dois casos, não houve aumento em relação a 2007. Segundo o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes, o aumento das alíquotas do IOF, de 1,5% para 3%, é um dos fatores que explicam a alta dos juros.

A crise internacional também contribuiu. 'As instituições financeiras, de forma preventiva, elevaram a expectativa de risco', disse Lopes. A média dos juros subiu, ainda, porque mais pessoas recorreram ao cheque especial, cuja taxa atingiu 145% ao ano, a mais alta desde junho de 2006.

O juro médio subiu também porque o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) deixou de autorizar empréstimos consignados entre 2 e 7 de janeiro, levando os aposentados a buscar alternativas mais caras. Outro fator é o fim da promoção de juros do consignado que a Caixa Econômica Federal havia feito para funcionários do Judiciário. Ainda assim, em janeiro o total de empréstimos consignados atingiu R$ 65,5 bilhões, um aumento de 1,4% na comparação com dezembro.

Embora mais caros, os empréstimos estão mais longos. Na média, chegaram a 369 dias, superando o período de um ano pela primeira vez na série do BC, iniciada em 2000.

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