Título: Não é problema com o Brasil
Autor: Anna, Lourival Sant, Décimo, Tiago
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/03/2008, Cidades, p. C3

No domingo, o time do Barcelona recebe o Villarreal, pelo campeonato espanhol de futebol. Em São Paulo, cerca de 20 torcedores, entre brasileiros, espanhóis e descendentes de espanhóis, vão torcer pelo Barça na sede do Centro da Cultura Catalã de São Paulo, na Vila Mariana, zona sul. Eles fazem parte da Penya Barcelonista, torcida organizada do time na capital. ¿Em dia de clássico, reunimos mais de cem pessoas. A empatia entre espanhóis e brasileiros sempre foi intensa. A confusão nos aeroportos é só uma tormenta de verão, uma tempestade em um copo d¿água¿, avalia o empresário espanhol Ferran Royo, chefe da torcida.

Assim como outros representantes da colônia espanhola que vivem atualmente em São Paulo, ele acredita que o impasse diplomático envolvendo os dois países trata-se fundamentalmente de um ¿mal-entendido¿. Segundo avalia, falta aos brasileiros compreenderem o panorama político por trás do impasse diplomático. ¿A Espanha vem sendo pressionada pela União Européia para endurecer a fiscalização nas fronteiras. Não se trata de um problema com o Brasil, mas de uma medida direcionada para aumentar o rigor com imigrantes de uma maneira geral.¿

O empresário aposentado Miquel Serra Rosanas, diretor do Centro de Cultura Catalã, também acredita que é fundamental esclarecer que a atual postura do governo espanhol não está relacionada aos brasileiros. Ele explica que a Espanha sempre foi considerada pelos governos de outros países da Comunidade Européia como uma porta de entrada bastante generosa para a Europa. Segundo ele, a quantidade de imigrantes, principalmente da África e da América Latina, aumentou principalmente depois que o euro valorizou-se em relação ao dólar. ¿Isso provocou reação do governo. Mas os deportados não estão sendo barrados porque são brasileiros. Tirem isso da cabeça! Se houve problemas, descontando exceções, é porque os deportados não estão cumprindo as exigências legais para a entrada no país.¿

A repercussão em torno do assunto, contudo, não deixa de ser uma saia-justa para espanhóis que vivem no Brasil. Os professores do Colégio Hispano-Brasileiro Miguel de Cervantes foram aconselhados a não falar do assunto com a imprensa. O vice-presidente da Sociedade Hispano-Brasileira, Francisco Javier Lopez, também prefere evitar comentários. ¿Estamos em véspera de eleição. É assunto para governos.¿

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