Título: Se pudesse, faria mudança por decreto, diz Lula
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/02/2008, Nacional, p. A5
A empresários, presidente nega falta de empenho do governo para aprovar medidas de desoneração
Tânia Monteiro e Leonencio Nossa
Ao apresentar a proposta de reforma tributária a empresários, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que, se pudesse, faria a mudança por decreto. Em entrevista no Palácio do Planalto, antes do encontro, ele negou a falta de empenho do governo para aprovar medidas de desoneração.
Minutos depois, diante de representantes do setor produtivo, reclamou das pressões que o projeto deve enfrentar no Congresso. ¿Ninguém está querendo discutir as picuinhas deste País, que interessam apenas a quem pensa nas próximas eleições. O governo não está disposto a brincar em serviço.¿
Lula avaliou, na entrevista, que, mesmo às vésperas das disputas eleitorais nos municípios, será possível discutir e aprovar a proposta tributária, que deve chegar hoje ao Legislativo. Ressaltou que o projeto foi feito por várias mãos e cabeças, e não deve ser visto como uma proposta do governo. ¿Nós temos um ano político. Vocês conhecem o Congresso e sabem que, a partir de junho, está todo mundo na rua fazendo campanha¿, disse. ¿O ideal é que, se a reforma tributária merece a pressa que todo mundo diz que merece, eu penso que eles poderão discutir e votar este ano ainda.¿
Na avaliação do presidente, as divergências em relação a pontos específicos da reforma poderão ser superadas no debate no Congresso. ¿Temos de colocar um terno novo na política tributária¿, disse, avaliando que essa proposta acaba com a guerra fiscal ¿fratricida¿ dos governadores.
Ao comentar as críticas de que não há interesse do governo em aprovar as mudanças ele disse: ¿Se o governo pudesse faria por decreto. Como não pode, temos de mandar para as instâncias democráticas aprovarem¿. O presidente comentou também sobre as dificuldades dos Estados em aprovar a proposta. ¿Não é pouca coisa diminuir 27 legislações de ICMS e fazer uma só para o Brasil.¿
No encontro com os empresários, Lula manteve o discurso otimista em relação ao andamento da proposta no Congresso. ¿Essa reforma deve ser tratada como uma profissão de fé.¿
O presidente ressaltou que o Legislativo costuma aprimorar propostas do governo. ¿Nem sempre o Congresso piora as coisas. Eles melhoram.¿ Pouco antes, o empresário Emerson Kapaz tinha alertado que a reforma corria o risco de ser fatiada no Congresso.
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