Título: Reitor diz que colegiado aprovou gasto de R$ 470 mil em seu apartamento
Autor: Costa, Rosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/03/2008, Nacional, p. A6

Acusado de usar R$ 470 mil que seriam destinados à pesquisa científica para mobiliar seu apartamento funcional, o reitor da Universidade de Brasília (UnB), Timothy Mulholland, disse ontem na CPI das ONGs que o uso do dinheiro foi decidido por um colegiado. Ele alegou que todas as decisões da universidade e suas fundações eram tomadas por ¿conselhos, vários colegiados, órgãos técnicos¿ que, segundo ele, decidiam sobre a aplicação de recursos da instituição e de suas fundações.

Mesmo reconhecendo que ¿os recursos públicos destinados à UnB são escassos¿, Timothy não justificou por que tem no apartamento cinco TVs de plasma, três lixeiras no valor de R$ 2,7 mil e outros apetrechos de cozinha e nos quartos que, segundo o Ministério Público, custaram - respectivamente - R$ 31,15 mil e R$ 11,47 mil.

Segundo ele, a UnB ¿especificava na sua esfera administrativa o que queria, a Finatec promovia o processo e depois fazia a doação para a universidade¿.

¿Com quem o senhor acha que nós devemos buscar explicações?¿, questionou o senador Álvaro Dias (PSDB-PR). Timothy limitou-se a responder que a ¿área técnica¿ é que decidia sobre os recursos captados pela fundação.

A CPI também convocou para depor o presidente afastado da Finatec, Antonio Manoel Dias Henrique, mas ele não compareceu, alegando motivos de saúde na família. Foi reconvocado para a semana que vem.

Timothy Mulholland também disse à CPI que desconhecia as atividades da Secretaria de Empreendimentos. Segundo Dias, instituído na UnB em 2005, o órgão foi extinto em 2006, após ter gastado R$ 10 milhões.

O reitor chegou a dizer que a secretaria foi extinta antes de ele assumir o cargo, em 2005, mas, corrigido, disse supor que o final da secretaria se deve ao fato de não atender à finalidade para a qual foi criada. Dias disse que, dos R$ 10 milhões, R$ 3 milhões foram destinados a organizações não-governamentais, três delas ligadas a políticos do PT.

Segundo Dias, dos R$ 10 milhões da secretaria, R$ 6 milhões foram utilizados no pagamento a pessoas físicas. Alguns nomes citados pelo senador foram identificados pelo reitor como professores da UnB.

O relator Inácio Arruda (PC do B-CE) limitou-se a questionar o tipo de relação da universidade com suas fundações e outros pontos que já tinham sido esclarecidos pelos promotores ouvidos pela comissão de inquérito antes de Timothy.