Título: Para Meirelles, reservas e mercado interno protegem Brasil contra crise
Autor: Komatsu, Alberto ; Farid, Jacqueline
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/03/2008, Economia, p. B4
Presidente do BC acredita que a recessão americana vai afetar os mercados emergentes, sobretudo o chinês
Alberto Komatsu e Jacqueline Farid
O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, reconheceu ontem que a situação econômica dos Estados Unidos é motivo de preocupação. Para ele, que participou de evento realizado pelo Institute of International Finance (IIF) no Hotel Copacabana Palace, no Rio, o maior impacto deve ser sentido nos mercados emergentes, em especial o chinês, cujo reflexo de uma desaceleração americana poderá ser disseminado para as demais economias em desenvolvimento.
Meirelles afirmou, no entanto, que o BC está atento ao andamento da economia mundial e disse estar ¿muito claro¿ que o Brasil está mais protegido. Os motivos são o crescimento com base na demanda doméstica e nas reservas internacionais fortes, entre outros.
¿O fato concreto é que o País está muito bem preparado. Os primeiros reflexos no Brasil e nas economias emergentes foram menores do que se esperava. Evidentemente, é muito prematuro ainda para que nós cheguemos a alguma conclusão¿, disse Meirelles, ante a presença de autoridades econômicas e executivos do setor financeiro.
O último relatório de inflação do BC, divulgado em dezembro, já mostra os efeitos da desaceleração econômica nos EUA, contou o presidente do BC. Segundo ele, o documento previa um crescimento para o Brasil de 5,2% no ano passado e 4,5% em 2008, ¿como resultado da situação da economia americana¿.
Para Meirelles, o momento é de expectativa, já que o IBGE vai divulgar na semana que vem o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) de 2007. ¿A partir daí, vamos refazer as nossas análises para publicar a nossa previsão para 2008, no mês de março¿, disse ele.
Por mais de uma vez em sua apresentação, o presidente do BC exaltou a política da entidade para as reservas internacionais - que ontem acumularam US$ 193,6 bilhões - como forma de defender o País contra eventuais choques externos.
AJUDA
Em entrevista no mesmo evento, o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, afirmou que o volume de financiamentos da entidade destinado a máquinas e equipamentos cresceu 55% em fevereiro na comparação com o mesmo mês de 2007.
¿É um indicativo muito claro de que o sistema empresarial tem confiança no crescimento, que (o sistema) continua tranqüilo em relação à sustentabilidade do crescimento brasileiro¿, afirmou ele. ¿A demanda por investimentos continua crescendo muito fortemente.¿
Por esse motivo, Coutinho renovou o apelo, que já havia feito no dia anterior, ao setor financeiro internacional e nacional para que ajude a sustentar o desenvolvimento no Brasil. ¿No limite, nós (do BNDES) vamos nos esticar para conseguir dar conta, mas o ideal é que a gente consiga construir parcerias com o mercado¿, disse.
Uma dessas possibilidades de parcerias é no mercado de debêntures corporativas, que a instituição estatal quer desenvolver.
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