Título: Brasil fará acordo para produzir mais vacinas
Autor: Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/02/2008, Vida&, p. A15

Preocupada com estoque, OMS enviará proposta de compra de milhões de doses à Farmanguinhos

A Organização Mundial da Saúde (OMS) irá propor novo acordo ao governo brasileiro para ampliar a produção de vacinas contra a febre amarela, financiando a compra de milhões de doses até o final do ano. Depois da ocorrência de casos no Brasil e no Paraguai, a agência mundial de saúde contabilizou que seus estoques não estão sendo suficientes para lidar com crises e manter campanha de vacinação na África e América Latina.

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¿Chegamos a uma situação crítica¿, afirmou Michael Ryan, diretor do Departamento de Alerta a Epidemias da OMS. A entidade tem hoje apenas 6 milhões de doses em estoque, depois de ter emprestado 4 milhões para o Brasil e 2 milhões para o Paraguai. A agência de saúde garante que o Brasil irá restituir as doses até abril. Ainda assim, prevê que a comunidade internacional precisará contar com uma base maior, para não correr riscos.

Para Ryan, a vacinação será fundamental para enfrentar a doença nos próximos anos. ¿Não usamos de forma efetiva as vacinas nas últimas décadas. Agora, podemos ver uma explosão da febre amarela em zonas urbanas.¿

Ele garante que há como evitar uma epidemia, mas que ações coordenadas e investimentos serão necessários. ¿Teremos US$ 58 milhões para comprar vacinas dos únicos três fornecedores existentes no mundo que estão certificados: Farmanguinhos, Instituto Pasteur (Senegal) e Sanofi¿, explicou Ryan. ¿Nossa idéia é triplicar os estoques. Para isso, precisamos que os laboratórios produzam mais.¿

Neste ano, a OMS fará campanhas de vacinação para 3,6 milhões de pessoas no Togo, 2 milhões em Camarões, 3 milhões no Senegal e 7,5 milhões em Burkina Faso. ¿Nossos estoques estão sob forte pressão¿, alertou Ryan.

A OMS se surpreendeu em janeiro quando o Brasil, peça fundamental no fornecimento de vacinas, avisou que iria interromper as exportações para atender sua própria população. Para complicar, o governo pediu 4 milhões de doses emprestadas. O problema é que, para expandir a produção, os laboratórios somente fariam investimentos se contassem com a garantia de que as doses teriam mercado garantido e alguém para comprá-las. Isso porque a vacina, que custa US$ 0,60, não gera lucros. ¿Estamos preparando um plano de produção que será enviado nas próximas semanas à Farmanguinhos¿, afirmou Ryan, apontando que o mundo tem hoje a capacidade de produção de 30 milhões de doses.

Segundo a OMS, os surtos no Paraguai e no Brasil estão controlados, com apenas um caso suspeito por semana. Mesmo assim, nas Américas, janeiro e fevereiro já somaram um número maior de pessoas infectadas que em todo 2007. No ano passado, a região teve 42 casos, ante 55 em 2008.

No caso do Brasil, o especialista da Organização Pan-Americana de Saúde, Marlo Libel, garante que o número de casos não está crescendo, graças à vacinação. Para ele, porém, turistas que forem às zonas endêmicas precisam ser vacinados.

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