Título: PSDB do Senado se rebela na Comissão de Orçamento
Autor: Fontes, Cida
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/02/2008, Nacional, p. A11

Partido anuncia retirada de seus integrantes do colegiado, em protesto contra irregularidades que estariam sendo praticadas por ¿pequeno grupo¿

O PSDB decidiu ontem retirar seus representantes da Comissão Mista de Orçamento, em protesto contra irregularidades que estariam sendo praticadas no colegiado por ¿um pequeno grupo¿ de parlamentares. A reação dos tucanos chegou atrasada: quando o líder do partido, senador Arthur Virgílio (AM), anunciou a decisão em plenário, o projeto que gerou a polêmica - destinando verbas a projetos do governo - já havia sido integralmente aprovado pela comissão, com apoio até mesmo de deputados do PSDB.

Resta aos tucanos reabrir a pressão na votação do Orçamento pelo plenário do Congresso, prevista para quarta-feira. Uma das alternativas é derrubar, por emenda, o anexo 1, a parte do projeto que motivou as denúncias da oposição. Esse anexo prevê a distribuição de R$ 534 milhões para diferentes projetos do governo.

¿Tudo ocorreu com absoluta lisura, as reuniões foram públicas e transparentes¿, garantiu o presidente da comissão, senador José Maranhão (PMDB-PB). ¿Esses recursos são para realizarem privilégios à revelia do bom senso¿, atacou Virgílio, criticando os métodos e rumos da Comissão de Orçamento.

¿Acho que existe muita celeuma e o PSDB está só na ameaça¿, reagiu Maranhão. ¿Mas, se o Congresso entender por derrubar o anexo 1, a decisão será respeitada.¿

A polêmica veio à tona há dois dias, quando o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), ocupou a tribuna para afirmar que um grupo restrito de deputados estaria ¿manipulando¿ a comissão e atuando de modo comprometedor. Um dos defensores da extinção da comissão, ele pediu a criação de uma CPI para investigar as denúncias de irregularidades.

Depois disso, o movimento favorável à CPI do Orçamento começou a ganhar corpo, com apoio, ainda que informal, de outros senadores do PMDB, do PDT e do PSDB.

O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) disse que as denúncias apontam para um escândalo que ¿pode ser maior que o da CPI dos Anões¿ - referência às irregularidades cometidas em 1993. À época, um grupo de parlamentares foi acusado de usar recursos das emendas para favorecer entidades ligadas a parentes e laranjas, além de receber propinas de empreiteiros.