Título: Bolsa-Família dará acesso a conta simplificada e a crédito bancário
Autor: Paraguassú, Lisandra
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/03/2008, Nacional, p. A4

Anúncio será feito hoje pelo ministro Patrus Ananias, um dos nomes que PT cogita para disputar sucessão de Lula

Depois de dar renda a 11,1 milhões de famílias, o governo federal quer agora colocá-las no sistema bancário. Uma das principais ações a serem anunciadas hoje, no aniversário de quatro anos do Ministério do Desenvolvimento Social, é que o cartão do Bolsa-Família também dará acesso a uma conta bancária simplificada. Por trás dessa mudança, a intenção de dar crédito a essas famílias. A Secretaria de Oportunidades e Inclusão, a ser criada a partir de agora, funcionará, de certa forma, como um banco de fomento para famílias de renda baixa e baixíssima.

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O anúncio será feito pelo ministro Patrus Ananias, um dos nomes cogitados pelo PT para disputar a sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2010.

¿Temos que aproveitar esse momento econômico e incorporar essas pessoas na geração de renda¿, afirma a secretária-executiva do ministério, Arlete Sampaio. A idéia de dar uma conta bancária às pessoas do Bolsa-Família vem sendo estudada desde o ano passado, mas o nível de renda e o perfil dificultavam até mesmo a abertura de contas simples pelo Banco Popular do Brasil, o braço do Banco do Brasil criado para atender a quem nunca teve conta bancária. Sem a conta, o acesso ao crédito também ficava difícil.

O ministério ainda não quer falar em valores. Mas, na cerimônia de hoje, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Banco do Nordeste e Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social vão assinar convênios para trabalhar com a pasta nessa nova etapa do Bolsa-Família. São os bancos que devem financiar as oportunidades que o governo quer criar, mas que ainda não vai chamar de portas de saída. ¿São portas de entrada para cidadania¿, afirma a secretária. ¿O trabalho da nova secretaria será o de garimpar oportunidades e conseguir os recursos.¿

TIPOS DE CRÉDITO

Dentro dessas oportunidades devem ser trabalhados especialmente dois tipos de crédito. O primeiro, para pessoas que já tiveram trabalhos formais, têm alguma formação e com crédito podem desenvolver alguma atividade que lhes dê autonomia. Outro tipo deve ser dado a grupos que possam se unir em cooperativas.

O governo não faz contas para saber quantas pessoas podem sair do programa com essa ajuda extra. Mas, como já disse o próprio presidente Lula e Arlete repete, o governo não tem pressa de que esses beneficiados deixem o Bolsa-Família. ¿Não depende de prazos, depende de oportunidades¿, afirma.

O investimento feito pelos bancos através dos créditos deverá servir, também, para dar um empurrãozinho na economia muitas vezes estagnada de cidades que hoje vivem basicamente do Bolsa-Família.