Título: Suspeita de corrupção iniciou caso
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Fonte: O Estado de São Paulo, 12/03/2008, Internacional, p. A11

Pagamentos a empresas fantasmas alertaram investigadores

A investigação que revelou o envolvimento do governador Eliot Spitzer com prostitutas de alto luxo teve início no ano passado, num edifício de Long Island. Ali, investigadores do Serviço da Receita Federal (IRS, pelas iniciais em inglês), que realizavam um exame de rotina de transações financeiras suspeitas, notificadas por bancos, que envolviam Spitzer, de acordo com fontes policiais.

Os investigadores regularmente examinam esses dados. Mas, nesse caso, parecia haver uma operação para tentar ocultar a fonte, o destino e a finalidade da movimentação de milhares de dólares em dinheiro. O dinheiro foi parar em contas bancárias de empresas que pareciam ser de fachada, que não tinham nenhuma atividade.

As transações, segundo as autoridades, sugeriam possíveis crimes financeiros - talvez pagamento de propina, corrupção política ou alguma coisa indevida relacionada com financiamento de campanha. Prostituição era a última coisa a passar pela cabeça dos investigadores.

Em seguida, os agentes do IRS começaram a trabalhar com agentes do FBI e promotores públicos federais especializados em corrupção política.

A investigação, como ocorre em casos similares, era delicada. Como o foco era uma autoridade do alto escalão, os promotores necessitavam aprovação do Departamento de Justiça.

TRANSAÇÕES

Mas não demorou muito e os investigadores descobriram que as transações estavam sendo manipuladas para ocultar pagamentos de Spitzer a prostitutas. Com a ajuda de um informante confidencial, uma jovem que tinha trabalhado para o Emperors Club VIP - um serviço de acompanhantes que Spitzer estaria usando -, os investigadores conseguiram que um juiz aprovasse a escuta de telefones celulares de suspeitas de envolvimento com o caso.

As escutas, juntamente com extratos bancários em nome de empresas de fachada, revelaram uma rede de prostituição que atendia homens ricos. No centro estava o Emperors Club, que organizava os ¿encontros¿ com mais de 50 belas mulheres em Nova York, Londres, Paris, Miami e Washington. Os pagamentos eram feitos por meio de depósitos dos clientes a empresas de fachada, registradas como QAT Consulting Group, QAT International e Protech Consulting.

Uma das agentes que organizavam os encontros, Temeka Rachelle Lewis, de 32 anos, disse a um cliente que seus pagamentos para a QAT Consulting eram seguros porque indicariam uma ¿transação comercial¿, segundo declarou a um juiz.

Quase perdidas em meio ao escândalo que envolve o governador, estão as acusações originais contra dois suspeitos de operar a rede. Mark Brener e Cecil Suwal ainda estão detidos.

A advogada de Brener, Jennifer L. Brown, disse que seu cliente estava ¿ansioso para esclarecer o caso¿. Daniel S. Parker, advogado de Cecil, lembrou que sua cliente declarou-se inocente ao ser denunciada, na quinta-feira.Ele afirmou que sua cliente estava amparada no princípio da presunção de inocência. ¿O que o governador declarar ou confessar é problema dele¿, disse.