Título: Venezuela: ferido não é líder das Farc
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Fonte: O Estado de São Paulo, 12/03/2008, Internacional, p. A14
TVs haviam informado que Joaquín Gómez, sucessor de Raúl Reyes, estava internado em hospital venezuelano
As autoridades militares da Venezuela negaram ontem que um colombiano que está ferido e internado num hospital na localidade de Rubio, no Estado de Táchira, fronteira com a Colômbia, seja um membro da cúpula das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
Os meios de comunicação da Venezuela disseram que o homem ferido era Milton de Jesús Toncel, conhecido como Joaquín Gómez, membro da cúpula das Farc. Gómez é considerado o chefe do Bloco Sul das Farc e foi nomeado substituto do ¿número 2¿ do grupo rebelde, Raúl Reyes - morto dia 1º, num ataque militar da Colômbia em território equatoriano.
¿Estamos na clínica e a pessoa que está aqui não corresponde à citada pela mídia¿, disse o general Juan Hidalgo, chefe de operações em Rubio. A tevê estatal VTV, que teve acesso ao ferido, exibiu uma fotografia de Gómez para indicar que ambos não eram a mesma pessoa.
Horas antes, o chefe do Comando Regional 1 da Venezuela, general Gabriel Oviedo, havia confirmado que dois integrantes de um grupo armado colombiano estavam sob a custódia da Guarda Nacional no Hospital La Colônia, mas disse que as identidades não tinham sido confirmadas e as digitais dos dois haviam sido enviadas para exames na Colômbia. Autoridades de Bogotá disseram não ter sido informadas sobre o caso.
O ferido - que quase não conseguia falar - chegou no sábado acompanhado de outra pessoa com documento venezuelano falsificado. Logo admitiram que eram colombianos, disse González. O acompanhante disse que se tratava de um acidente de moto, mas os médicos viram que o ferimento no pescoço havia sido causado por uma bala e avisaram as autoridades.
RESGATE
Segundo versões obtidas pela agência France Presse na zona fronteiriça, os membros de um grupo armado apareceram após um confronto na Colômbia e cruzaram a fronteira para ir a um hospital venezuelano.
¿Se é verdade que o ferido é de algum grupo armado, é muito provável que seus camaradas possam ir à clínica tentar resgatá-lo¿, disse González, explicando o grande número de soldados em volta do hospital.
Ainda ontem, cinco guerrilheiros da Frente 47 das Farc - que era comandada por Iván Ríos, morto por seu segurança na semana passada - entregaram-se a militares em Pereira, sul da Colômbia. Segundo fontes oficiais, os rebeldes desertaram por causa da ¿pressão do Exército e dos maus-tratos dos chefes¿. Outros 12 rebeldes foram presos durante uma ofensiva contra a Frente 35 na localidade de Los Palmitos (norte).
Em um site na internet, as Farc disseram ontem que estavam investigando o assassinato de Ríos, membro do comitê dirigente da guerrilha, e negaram que o grupo esteja debilitado moralmente após a morte de dois de seus líderes. As Farc também acusaram o governo colombiano de fazer ¿um sórdido drama¿ sobre a morte de Ríos.
Ainda ontem, o promotor-geral colombiano, Mario Iguarán, afirmou que não há elementos suficientes para acusar por homicídio o guerrilheiro conhecido como Rojas, que matou Ríos e decepou sua mão direita para provar que o havia eliminado. Iguarán conversou com Rojas e disse que ele provavelmente alegará (num eventual julgamento) que agiu para defender sua vida e, portanto, a promotoria vai preparar seus argumentos para rebater essa alegação se decidir acusá-lo.
As tropas do Exército venezuelano, que tinham sido enviadas à fronteira com a Colômbia após a operação militar colombiana no Equador, voltaram ontem às suas bases depois que Bogotá apresentou desculpas por violar o território equatoriano. AFP, EFE E AP