Título: Para analistas, é só mais um band-aid
Autor: Pereira, Renée
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/03/2008, Economia, p. B4

Objetivo de medidas é dar tranqüilidade à reunião do Fomc

Dow Jones Newswires, Nova York

A ação coordenada dos bancos centrais, liderados pelo Federal Reserve (Fed, o BC americano), para reagir às pressões do mercado de crédito foi considerada por vários economistas como um ¿band-aid¿ antes da reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do dia 18 e como um ¿emplastro¿ para os mercados financeiros.

Entre as medidas anunciadas, o Fed expandiu o programa de empréstimos de ativos. Pela nova Linha de Empréstimo de Ativos a Termo (TSLF, na sigla em inglês), o BC americano vai emprestar até US$ 200 bilhões de Treasuries (títulos do Tesouro) aos bancos credenciados (primary dealers) durante 28 dias (em vez de overnight, como no programa atual), tomando como garantia outros ativos, incluindo dívida de agência federal, ativos garantidos por hipotecas residenciais de agências federais (MBS, em inglês) e MBS residenciais com marca privada e classificação de risco AAA/Aaa.

Para o estrategista da SCM Advisors, em San Francisco, Max Bublitz, a iniciativa do Fed é ¿o segundo band-aid de liquidez aplicado ao mercado de crédito nos últimos três dias e uma tentativa desesperada de chegar à reunião do dia 18 de março sem perder a paciência¿. O estrategista acredita que a ênfase do Fed na coordenação com outros bancos centrais tem claramente o objetivo de deixar os mercados cientes de que as autoridades monetárias não se fizeram de cegas diante da deterioração das condições de crédito nos últimos dias.

O estrategista cambial da RBC Capital Markets, em Londres, Adam Cole, considera que a ação coordenada oferece ¿um emplastro adesivo, em vez de uma cura¿, para os mercados financeiros. ¿Não é que a perspectiva para a economia dos EUA tenha melhorado dramaticamente hoje, mas ajuda o mercado a caminhar enquanto isso estiver rolando¿, disse ele. Segundo Cole, o risco de uma reunião emergencial do Fed diminuiu.

O economista-chefe da High Frequency Economics, Ian Shepherdson, lembra que a ação ¿não irá recuperar a economia ou consertar todos os problemas nos mercados, mas deve reduzir o problema de liquidez, pelo menos agora¿. Já o economista do Lehman, Drew Matus, considerou o aumento do programa de empréstimo de títulos do Fed ¿a decisão mais esperta que já vi o Fed tomar há muito tempo¿. Para que as injeções de liquidez funcionem efetivamente, disse o economista, elas precisam ser direcionadas à ¿parte certa do mercado¿ - nesse caso, títulos de dívidas de agência e títulos privados atrelados a hipotecas. ¿Essa é uma ferramenta muito poderosa¿, disse Matus.