Título: Gasto com conta petróleo continua crescendo
Autor: Barbosa, Alaor
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/03/2008, Economia, p. B14

Despesa líquida com óleo e derivados e gás natural somou US$ 191 milhões em janeiro

Quase dois anos após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter anunciado a auto-suficiência do Brasil na produção de petróleo, as despesas continuam aumentando com a compra de óleo e derivados, incluindo o gás natural.

Segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) as despesas líquidas no grupo petróleo somaram US$ 191 milhões em janeiro. A maior parte dos gastos em janeiro resultou dos dispêndios com gás natural, já que as importações líquidas de óleo bruto (US$ 350 milhões) foram mais do que compensadas com o superávit nas exportações de derivados (US$ 388 milhões).

A Petrobrás tem ampliando as vendas de gasolina ao exterior, com o aumento do consumo de álcool pelos motoristas brasileiros, seja na forma hidratada (direto ao consumidor) ou pela adição à gasolina (álcool anidro).

O grupo petróleo e derivados (incluindo o gás natural) continua sendo um dos principais itens nas importações brasileiras. No ano passado, pelos dados da ANP, esses dispêndios totalizaram US$ 4,109 bilhões, com aumento de 79% em relação ao observado em 2006.

O saldo negativo resultou de um movimento de importações de US$ 20,697 bilhões e exportações de US$ 16,587 bilhões. O rombo de US$ 3,129 bilhões na compra de óleo cru foi parcialmente compensado pelo superávit de US$ 803 milhões com derivados, especialmente gasolina. As compras de gás natural exigiram mais US$ 1,783 bilhão, ampliando o rombo.

O déficit do ano passado ficou praticamente igual ao registrado em 2004 (US$ 4,197 bilhões), mas está bem abaixo dos US$ 5,7 bilhões contabilizados no ano 2000. Os dados da ANP mostram que o comércio exterior do grupo petróleo tem forte aderência ao ritmo da economia brasileira.

Assim é que, em 2002 e 2003, quando a economia brasileira entrou em marcha lenta, o déficit no grupo somou US$ 2,274 bilhões em 2002 e desabou para US$ 1,590 bilhão em 2003.

Conforme acompanhamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Produto Interno Bruto (PIB) registrou expansão de 4,3% no ano 2000; 1,3% em 2001; 2,7% em 2002; 1,1% em 2003, 5,7% em 2004, 3,2% em 2005 e 3,8% em 2006.

O aumento das despesas do País na compra do petróleo reflete o grande diferencial nos preços no produto exportado (do tipo pesado) e no óleo adquirido no exterior (do tipo leve). Segundo a ANP, o preço médio do petróleo importado em janeiro atingiu US$ 98,69 por barril. Já o óleo exportado atingiu a cotação média de US$ 76,16, numa diferença de US$ 22,53 por barril.