Título: Mudança nas contas agrada. Aos contadores
Autor: Froufe, Célia
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/08/2008, Economia, p. B10
A decisão do governo federal de adotar normas internacionais na contabilidade pública deixou eufóricos os contadores. Com cerca de 400 mil profissionais e 67 mil empresas de contabilidades em todo o País, a área de contabilidade (pública e privada) espera ganhar ainda mais mercado e visibilidade com as mudanças.
Para a vice-presidente do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), Silvia Mara Cavalcante, o mercado pode dobrar em pouco tempo. Segundo ela, depois da aprovação da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), que impões penalidades aos governadores que gastam além da conta, cada vez mais os contadores têm atuado como consultores. Esse mercado, segundo ela, só tende a crescer.
Na iniciativa privada, disse Silvia, os contadores têm participado da gestão das empresas. "Antes, o contador só trabalhava depois dos atos já terem sido feitos. Ele fazia o registro. Hoje, o contador participa antes, como consultor", explicou a vice-presidente do CFC.
O setor já estava passando por um momento de forte expansão, depois da aprovação, em 2007, da Lei 11.638 - das Sociedades por Ações. A Lei de Responsabilidade Fiscal e, mais recentemente, o Super-Simples também ampliaram o mercado para os contadores.
No setor privado, além do mercado voltado para empresas e pessoas físicas, os contadores atuam também como consultores de prefeituras que não têm corpo técnico próprio, em auditorias externas do setor público e laudos técnicos para o Judiciário.
"Essa era uma demanda reprimida. O compromisso do presidente Lula é um divisor de águas", disse Verônica Souto Maior, conselheira do CFC e integrante do grupo do Comitê Gestor da Convergência criado pelo governo no ano passado.
Refletindo o quadro de expansão do setor, o 18º Congresso Brasileiro de Contabilidade consegui levar esta semana para Gramado (RS) cerca de 5,7 mil participantes. O Congresso contou até mesmo com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que prometeu incluir as empresas do setor numa faixa do Super-Simples, que paga menos tributos.
"O setor vive um momento histórico", disse Ronaldo Rotter, brasileiro que é o conselheiro sênior da divisão de contratos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Há 15 anos morando nos Estados Unidos, Rotter disse que ficou surpreso com a "pujança" do setor.
As dez primeiras normas para a mudança da contabilidade pública serão aprovadas em novembro pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC). O Tesouro Nacional vai publicar manuais técnicos com essas normas para orientação dos profissionais (públicos e privados) que trabalham com contas do setor público.Segundo o coordenador de Programação Financeira do Tesouro, Paulo Feijó, as primeiras normas terão vigência a partir de 2009.