Título: Arquiteto mantém linha, mas quer fazer anexo
Autor: Machado, Renato
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/08/2008, Metrópole, p. C4

Objetivo é dar mais espaço para equipamentos e montagens; no interior, projeto original será adaptado, ampliando camarins e área da orquestra

Renato Machado

O novo Teatro Cultura Artística representará uma parceria entre o passado e o futuro e unirá duas concepções - a original de Rino Levi (1901-1965), arquiteto que concebeu nos anos 40 o prédio da Rua Nestor Pestana, e a de modernização, proposta por Paulo Bruna, seu antigo parceiro. Como novo marco arquitetônico da região surgirá como anexo um predinho com fachada de vidro. De acordo com Bruna, a idéia já havia sido levada para Levi, que a aprovou.

Quando for confirmado para projetar a reconstrução, Bruna diz que apresentará um projeto com modernizações na parte técnica, mas mantendo os traços arquitetônicos de Levi. Para os que conheceram o Cultura Artística antes do incêndio, as mudanças externas serão pequenas. Para não atrapalhar o mosaico de Di Cavalcanti, com 48 metros de extensão por 8 metros de altura, o predinho terá, na fachada, um brise-soleil (quebra-sol) de mármore branco. Trata-se de uma construção que usa elementos pré-fabricados.

No interior, será preciso driblar uma antiga queixa da Sociedade de Cultura Artística: a falta de lugares. Para que se ganhe mais espaço, a proposta é aumentar o retropalco para guardar os figurinos e os cenários das montagens regulares. Os camarins e a área da orquestra serão ampliados. ¿Os artistas costumavam se hospedar no hotel em frente e já vir trocados para o espetáculo. Eles precisam de um espaço no próprio teatro¿, diz Bruna

O projeto do prédio anexo foi concebido de forma que a parte moderna se destaque, para não ser confundida com a edificação principal, que manterá as linhas originais. A ligação será feita por meio de uma discreta passarela de vidro. Na visão de Bruna, o novo espaço também serviria para guardar cenografia e equipamentos técnicos - já Levi sonhava com dormitórios sobretudo para os músicos que se apresentam na casa.

Em novembro, o Estado adiantou o projeto de modernização, que já tinha aval da Sociedade e patrocinadores interessados. Parte dos membros, entretanto, queria esperar a reforma da Praça Roosevelt, anunciada pela Prefeitura, na esperança de que ela contivesse a deterioração da região central. A Sociedade era obrigada a contratar 18 seguranças para acompanhar o público durante as apresentações. Por enquanto, nada indica que isso possa mudar: não existe prazo nem para o início das obras na região.